26.2.03

Quando eu achava que meu coração Banshee tinha sossegado um pouco, um pop-up me bota o coração novamente a uivar... e a lembrar. A mãe do meu Dennito está muito doente. Como a minha já esteve.

Minha mãe ficou doente cinco anos. Deste tempo, entretanto, apenas o princípio e o final foram ruins. O miolo deste período, os três ou quatro anos do miolo, foram muito bons. Minhas lembranças mais fortes de minha mãe vêm deste período. Estranhamente, lembro muito pouco da minha mãe ANTES da doença, apesar dela ter adoecido quando eu já tinha 16 anos. Coisas deste coração doido.

Uma coisa que eu lembro muito bem era que minha mãe ADORAVA certas músicas. Uma delas, que ela pedia insistentemente que eu colocasse no toca-discos e traduzisse -- ela pedia a tradução TODA VEZ que a música tocava -- é I have a Dream, do Abba. Ela ficava encantada com a música, e na verdade, a mensagem era para ela, eu acho, um auxílio quando ela pensava que poderia estar "cruzando o riacho" e passando para o outro lado, como de fato passou.

Esta música invariavelmente me faz chorar. Mas também representa tudo de melhor que eu já tive e perdi. E todas as conquistas que eu já fiz e ainda vou fazer, até acordar do outro lado, novamente no colo de minha mãe. Eu chamo, dentro do meu coração, esta música de "Música de ninar mamãe", porque eu colocava para tocar, ou mesmo cantava para ela, depois do almoço, quando ela tirava seu cochilo.

Está esta música dedicada, amorosamente, ao Dennis e ao pai e à mãe dele.

I Have A Dream
(written by Benny Anderson and Bjorn Ulvaeus)

I have a dream, a song to sing
To help me cope with anything
If you see the wonder of a fairy tale
You can take the future even if you fail
I believe in angels
Something good in everything I see
I believe in angels
When I know the time is right for me
I'll cross the stream - I have a dream

I have a dream, a fantasy
To help me through reality
And my destination makes it worth the while
Pushing through the darkness still another mile
I believe in angels
Something good in everything I see
I believe in angels
When I know the time is right for me
I'll cross the stream - I have a dream
I'll cross the stream - I have a dream

I have a dream, a song to sing
To help me cope with anything
If you see the wonder of a fairy tale
You can take the future even if you fail
I believe in angels
Something good in everything I see
I believe in angels
When I know the time is right for me
I'll cross the stream - I have a dream
I'll cross the stream - I have a dream




O que é amizade?

Esta é uma pergunta com muitas respostas, como eu tenho descoberto -- para meu espanto -- nestes 38 anos de vida e 03 de vida virtual. A cada dia encontro uma resposta nova, algumas positivamente me assustam, outras me enojam; outras, no entanto, me deixam com falta de ar, tamanha a beleza delas.

Não vou listar aqui estas respostas, nem as mais feias, nem as mais bonitas. Vou apenas tentar declarar a minha. É uma verdade pequenininha, de um coração bobo, confiante, que tem as portas escancaradas. Meninos e meninas, não tentem fazer isto com o coração de vocês. Os resultados não são bons, às vezes acho que meu coração não pára de bater e desiste, de teimoso que ele é. A quantidade de lágrimas que já derramei dava para irrigar todo o estado do Ceará.

Desculpem o post feio. Eu sei que as pessoas me procuram aqui no Asa porque querem um pouquinho de beleza, de leveza, de lirismo. É o que eu tenho tentado oferecer ao meu coração e ao de vocês, mas não hoje. Hoje eu estou com o coração gritando como uma Banshee, a lavar roupas sangrentas na beira de um riacho. Quem não quer me ver chorar, que saia agora, sem nenhum ressentimento da minha parte.

Bem, voltando à minha resposta. Como vocês que me lêem (ainda me espanto com isto, sabem?) já devem saber, minha avó paterna era de família italiana da Calábria. Gente tosca, camponesa, como eram toscos camponeses os Medeiros lá do Mato Grosso, fazendeiros criadores de gado. Como eram toscos os índios da família da minha bisavó materna, gente que andava pelada pelo meio do mato. Sou uma camponesa tosca, sem um pingo de nobreza no sangue. Uma cadela vira-lata, sem nenhum pedigree que me redima.

Sou, portanto, uma pessoa simples. A comidinha aqui de casa é um arroz branco, um guisadinho de carne, um leguminho refogado, a onipresente macarronada com frango assado. Um feijão preto, como carioca gosta. Saladinhas diversas. Os hábitos são simples também. Acordo entre oito e nove horas, tomo café, arrumo a cozinha e dou uma olhada nos e-mails. Até umas onze horas, trabalho no computador, traduzindo, escrevendo, editando textos. Aí eu paro para fazer o almoço, sirvo a comida, arrumo a cozinha de novo. À tarde, mais um pouco de computador e Internet, e depois saio para trabalhar. Chego em casa às onze da noite, lancho e venho procurar meus amigos virtuais antes de dormir. Raramente durmo antes de duas da manhã.

Simples, banal. Sem nenhum enfeite. Vida de gente que não tem grandes mordomias. Mas sou muito feliz com a vidinha que tenho. Porque procuro enfeitá-la com virtudes, também simples, que aprendi no colo de minha mãe:

"A família é tudo na vida de uma pessoa."
"Mentir é a pior coisa que se pode fazer."
"Nunca vire as costas para um amigo ou parente."
"Seja leal com seus adversários."
"Seja uma boa católica e ame a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a ti mesma."
"Confia sempre seus problemas nas mãos de Maria Santíssima."

Tenho procurado obedecer minha mãe à risca, desde muito pequena. Principalmente a parte da mentira, que sempre abominei. Não minto. Nunca. Algumas pessoas até se irritam com isto, porque eu sempre escolho o caminho da sinceridade. Não sou nada diplomática. Não enfeito o pavão. Se eu digo que gosto de algo que um amigo escreveu, é porque gosto mesmo. Se não gosto, digo que não gosto e porque.

Se digo que amo uma pessoa, é porque amo mesmo. Algumas pessoas acham graça da minha mania de usar apelidos no diminutivo, ou de chamar todo mundo de meu amor, meu querido. Já até implicaram com o número de exclamações que uso num texto. Pois bem, podem procurar. Neste texto não há exclamação alguma. Estou vazia de exclamações. Estas eram (são? serão? não sei) apenas manifestações de alegria. Sou uma pessoa que gosta de sorrir, e minhas exclamações e meus pequenos apelidos faziam na Net a vez dos meus sorrisos.

Portanto, se digo que sou amiga de alguém, mesmo de alguém virtual, é porque eu estou com as portas do meu coração abertas, escancaradas -- porque não dizer arreganhadas -- e esta pessoa pode se servir livremente de tudo o que a Sue é, de tudo o que ela tem. Mesmo. Não é força de expressão. Minha vidinha simples, meu coração simples, minha alma simples, minha história de vida, tudo, tudo, entrego nas mãos daqueles a quem chamo de amigos. Porque aprendi com meu pai, milico e carcamano, que amigo é a família que a gente escolhe. E que na família a gente sempre confia, porque no final das contas é a família sempre que cuida de você. Visão simples, diretamente da terra dos Capos, do Cosa Nostra.

Esta é a Sue, mistura confusa do belicismo honrado do pai e da doçura religiosa da mãe. Uma pessoa que acha que tudo podem os amigos e as pessoas que ama. Que nada é pequeno ou bobo demais, se um amigo precisa conversar. Que tudo procura perdoar, porque tudo procura entender. Que segredos são coisas que não contamos aos adversários, pois aos amigos tudo se pode contar.

Ah, pobre menina Sue. Ninguém avisou a ela, pobre criança, que no mundo de tudo se desconfia; que as pessoas sempre partem do pressuposto que você vai mentir e enganar; que ser uma pessoa amorosa, num mundo amargo como este, é considerado motivo de chacota. E a Sue cresceu achando que ia encontrar, em algum lugar, alguém que a enxergasse toda, e toda a aceitasse. Não falo de um amante, não. Falo de um amigo. Que pode ou não ser o amor.

Continuo a procurar. Por duas ou três vezes, pensei ter achado. Amigos em quem confiava implicitamente. A quem contava tudo. De quem esperava uma coisa só: compreensão. Que me soubessem ler o coração.

Ao mais recente, que parece pronto para partir, envolto numa muralha de silêncio, eu apenas pergunto: porquê?

24.2.03



Sensações

Noite de sábado. Cansaço bom, olhos pesados, respiração tranquila, corpo mole e relaxado. Naquela terra de ninguém entre a vigília e o sono, sinto a pontinha de um dedo indicador encostar de leve na minha nuca. Devagarinho, sem nenhuma pressa, sabendo o que faz comigo, este dedo levado desce lentamente pela minha coluna. Desce, sobe, executa volutas audaciosas entre minhas omoplatas... um dedo. Um.

Já totalmente desperta, de uma forma que só você me desperta, finjo ainda dormir. Quero saber até onde este dedo pretende chegar. O danado resolve chamar os amigos, e os cinco massageiam minhas costas vagarosamente. Eu já não consigo mais disfarçar que estou acordada, porque meu corpo instintivamente encosta no seu. E percebo que você também está desperto, de uma forma que eu sei bem despertar em você.

Os dedos continuam a festa que começaram, mas agora minhas costas estão bem encaixadas no seu peito, então eles brincam onde gostam mais. Onde eu gosto mais. Sem aviso, no meu pescoço surgem dois lábios, que fazem uma dupla do barulho sozinhos, mas que vieram num trio demolidor com uma língua irrequieta.

Somos neste momento um único bicho-sensação, de múltiplas pernas e braços, uma massa ondulante que suspira, e eu não sei mais onde a fêmea acaba e o macho começa.

O que sei é que a noite apenas começou, e eu já estou inacreditavelmente feliz.

20.2.03

Coisas

Hoje um amigo querido, homem charmoso e inteligente, me fez o carinho mais delicioso do mundo. Disse-me que eu era uma Borboleta Luminosa. E que o Asa era o "suspiradouro preferido" dele... ai, que doce, que tão completamente bom ouvir isto de um homem destes. É de se guardar cuidadosamente para saborear nos dias ruins. Pronto, meu amigo, seu elogio está envolto em papel de seda lilás, borrifado com alfazema, e prensado no meu livro de poemas favorito. Seu carinho aquece meu coração, ilumina meu dia. Obrigada.

Não vi meu querido anjo hoje. Apenas nos falamos por telefone, não houve tempo para mais nada... mas a voz dele já me arrepia. As promessas que faz com aquela voz, me tiram o sono. E ele as cumpre todas. Com uma competência e dedicação que me deixam desfalecida. Há tanto a nosso favor, meu anjo, espero que o que há contra nós não nos derrube novamente...

Olhos Negros, ah, Olhos Negros, que faço contigo? Hoje, sonhei acordada o dia inteiro. Olhos negros, sombracelhas escuras, olhares penetrantes rondavam o fundo dos meus olhos.

Tem dias que a nossa vida devia ter botão de pause....

18.2.03

Segredos de borboleta

Ter um segredo no coração já é difícil de segurar. Quando se tem dois, então... Por estes dias, quando estava prestes a abrir mão de um sonho bom que parecia nunca se realizar, ele se apresenta diante de meus olhos, inteiro, sedutor, viável. Quase ao alcance da mão. Enquanto isto, um sonho já realizado volta para me assustar, encantar, me tomar pela mão e me convidar para uma entrega sem volta. Santa Ivete Sangalo dos corações apaixonados é quem me socorre nestas horas.

Aquele que me convida a aceitar um retorno, canta para mim através da voz dela, dizendo assim:

Você bem quis entender
Mas eu não soube explicar
Nem mesmo eu sei dizer
Não gosto nem de lembrar
É, eu tive medo
De ver meu coração amar assim, tão cedo
Foi bobagem não falar
Desse meu medo de amar
Por que você não volta
Se já falei o que passou
E o que quebrou a gente monta
Refaz a nossa história de amor



Para o que me arrepia com os olhos escuros, de longe, sem me tocar, canto, através da voz dela, dizendo assim:

Sem lhe conhecer
Senti uma vontade louca
De querer você
Nem sempre se entende
As loucuras de uma paixão
Tem jeito não
Olha pra mim
Faz tempo que meu coração
Não bate assim
Não faz assim
Me diz seu nome
Não me negue a vontade de sonhar
De sonhar os meus sonhos
Com você
Despertando pro seu adormecer
Seria bom demais
Que bem me faz você



Ai, o toque mágico de um, o olhar magnético do outro... a borboleta está em apuros!

16.2.03



- Ei.
- Hum?
- Que é que você está fazendo?
- Contando os pelinhos do seu braço. Duzentos e vinte e um, duzentos e vinte e dois...
- Contando?!
- Shhhhh.... duzentos e trinta, duzentos e trinta e um...
- Mas que maluquice é esta?
- Shhhhh.... é um trato que eu fiz com seu corpo... duzentos e quarenta e dois...
- Como é??
- Ai, está bem. Deixa eu anotar onde parei, que eu explico.
- Anotar? Ei, pára de riscar meu braço com a caneta!
- Só estou marcando a área que já contei. É um trato com seu corpo...
- Eu não estou entendendo patavina...
- Ontem, amor, enquanto você dormia, fiquei conversando com seu corpo. Eu estava ficando preocupada, sabe, que seu corpo pensasse que só tenho interesse na sua mente e no seu coração.
- Sei, você conversou com meu corpo... o que foi mesmo que você tomou no jantar?
- Deixa de ser bobo, você sabe muito bem que foi coca-cola. Sim, seu corpo fala muitas coisas, quando você dorme. Os pêlos do seu corpo se arrepiam, onde meu corpo encosta no seu, a respiração altera, os músculos fazem uma centena de movimentos involuntários... seu corpo me fala muito, amor, mas eu nunca tinha parado para responder, até ontem à noite.
- É?
- É! E eu fiz uma promessa a ele. Não vou jamais negligenciá-lo novamente. Ele fez um pouco de birra, virou de costas para mim, mas a minha promessa o deixou contente.
- Mas que raio de promessa é esta?
- Eu prometi que ia cobri-lo de beijos, pelinho por pelinho. Portanto, para cumprir a promessa, tenho de saber exatamente quantos pêlos você tem, ou ao menos uma boa aproximação... posso voltar a contar?
- Mulher, você beija meu corpo o tempo todo! Que história é esta? Para que contar pêlos?
- Não, amor. Eu beijo você, e sempre olho nos seus olhos para ter certeza que você percebeu. Sempre sei se você está recebendo meus beijos pelo jeito que sua pupila dilata. Beijo seu coração, e presto atenção para ver se sua pulsação altera. Quantas vezes você me ouviu perguntar se você percebeu meu beijo?
- Eu sempre achei isto esquisito.
- Pois é, eu sempre mandava beijos para seu coração, sua mente, sua alma. O seu corpo começou a achar que eu o rejeitava. Que eu amava você não através dele, mas apesar dele. E não é verdade, meu amor. Amo seu corpo tanto quanto amo o resto de você.
- Hummm... seu corpo também não é mau!
- Tira a mão daí, tarado! Eu estou falando sério. E seu corpo estava parando de reagir aos meus carinhos, achando que eu não o amava.
- Ah, você sabe que eu tenho andado cansado...
- Cansaço uma ova. Quantas vezes, logo que nos conhecemos, você chegava exausto do trabalho, tomava uma chuveirada, e queria imediatamente meus carinhos, porque dizia que revigorava você?
- ...
- Seu corpo estava deprimido. Carente. E eu prometi que não vou mais esquecer dele. Cada centímetro dele vai receber meu amor, para que ele volte a sentir que minhas mãos e meus lábios são melhores que uma noite inteira de sono. Lembra desta frase?
- Eu falei isto?...
- Sim, na época que seu corpo participava do nosso amor tanto quanto nossos corações e mentes.
- Você vai mesmo contar meus pêlos todos?
- U-hum... Dorme, e me deixa amar seu corpo novamente. Duzentos e sessenta e sete... duzentos e sessenta e oito.
- Amor?
- Que é?
- Acho que tenho uma confissão a fazer.
- É?
- É!
- Qual?
- Também tenho conversado com seu corpo. Enquanto você dorme.
- Ah, é? E o que ele diz?
- Ele me chama. Eu fico olhando a pele arrepiada do biquinho do seu seio, as ondas do seu cabelo... aquele ponto da nuca que você gosta que eu beije... tudo me chama.
- Eu sei... ele chama você também quando estou acordada... ele formiga onde você me toca, aquece com o seu olhar. Meu corpo ama muito você e seu corpo.
- Eu quero então participar desta promessa. Pára de contar pêlos. Onde já se viu?
- E que fazemos então?
- Vamos dormir, os dois. Dorme com seu corpo encostado no meu. Faz muito tempo que a gente não dorme assim. Deixa que meu corpo se entende com o seu.
- É...
- Depois de acordados, vemos o que acontece.

Eles dormiram assim, como há muito tempo não dormiam, ela de encontro ao peito dele, ele dentro dela, pernas entrelaçadas, respiração misturada. Tiveram lindos sonhos, os dois, dos quais tinham apenas a lembrança da beleza. Passaram a fazer isto mais vezes, e ele acordava sempre com o coração leve, inchado dentro dela.

Foi assim que eles morreram, juntos, ele dentro dela, para o constrangimento dos filhos, netos e bisnetos.

12.2.03



Um amigo meu me disse ontem que preciso aumentar minhas defesas. Muitos deles dizem que eu preciso me importar menos com o que acontece na Internet. Que a Net é um lugar paranóico, cheio de malucos. Quisera poder satisfazer a estes amigos, todos preocupados com o meu bem-estar. Acontece que estar bem, na minha opinião, nem sempre é o mais importante. O mais importante é estar no caminho justo. Não estou dizendo que sou uma pessoa justa, totalmente correta. Eu tenho tantos defeitos, TANTOS, que não vou perder tempo a enumerá-los aqui. Sou humana, no sentido mais amplo do termo.

Acontece, no entanto, que não quero me proteger do sofrimento, se isto significar fechar a entrada do meu coração a pessoas novas. Se isto significar abrir mão do que eu acho correto. Se isto significar abandonar uma briga antes que ela esteja resolvida. Já ganhei um amigo precioso através de uma briga. O meu amigo mais precioso hoje, justamente o que se preocupa tanto com as minhas defesas. É um amigo que dá bronca por puro amor. Exatamente como o irmão querido que ele é. Não passa a mão na minha cabeça, nem mede palavras. O que ele diz é o que ele pensa no momento. É uma qualidade a que dou o maior valor, e o amigo a quem mais considero.

Eu me pergunto: e se eu tivesse "armado minhas defesas", e interrompido a discussão que nos aproximou pelo meio, utilizando o recurso fácil de bloquear seus e-mails? Eu teria me "defendido" da pessoa que é hoje mil vezes mais preciosa que o maior tesouro em dinheiro para mim, mais caro ao meu coração que muita gente que compartilha o mesmo sangue comigo. Não, amigo querido, como nos contos de fadas, teria enfrentado uma grande barreira de espinhos, ou um mago poderoso, ou mesmo um dragão a lançar chamas de sua boca, para chegar ao castelo encantado do seu coração. Cada dia mais agradeço a Deus ter você comigo. Mais que defesas, querido, preciso de força e sabedoria. Para saber a hora de parar e a hora de lutar. Mas pretendo continuar lutando.

Além de não desistir das pessoas, mesmo recebendo de vez em quando alguma porcaria e ataques que me causam dor, também não cometo o erro de limitar meus amigos por classificações diversas. "Faixa etária", "estilo de vida", "inclinações políticas", nada disto me afasta de uma pessoa. Um coração duro faz isto mais depressa e de forma mais permanente. Mas tenho tido sorte, ah, Deus tem me abençoado muito. Tenho encontrado corações magníficos, dentro e fora da Internet.

Alguns destes nobres corações são mais experientes, como o meu queridíssimo Matusca. Como meu pai. Como este amigo querido. Outros, principalmente os que encontro na Net, são coraçõezinhos novinhos, tenros, que mal começaram a pôr a prova as suas idéias e a sofrer as consequências de seus atos. São numerosos, estes corações. Meu Felipe, meu Félix, meu Iceman, meu Cabritinho Renan, todos eles muito especiais. Mas eu tenho um "caçulinha", muito especial, de quem nunca falei aqui.

É do blog dele esta linda gravura de borboletas, que ele me disse ontem ter postado lá por que lembrava a ele de mim. Ele é um menino doce e sensível, com uma visão ao mesmo tempo surpreendentemente madura e encantadoramente inocente. Seu nome é Alex, ele tem 17 anos e escreve naquele dialeto internáutico que às vezes me dá um pouco de dor de cabeça para decifrar. Mas ele tem insights que me deixam pasma, e eu sou fanzoca deste menino. Quem tiver coração bom também vai ficar. Vão procurá-lo no blog http://amente.blig.ig.com.br e descubram porque eu ainda tenho fé na humanidade.

10.2.03



Ah, algumas pessoas nascem para a grandeza. Outras, nascem para a doação, a caridade. Outras, ainda, para o estudo. Mas só uma pessoa, apenas esta, acima de todas as outras, nasceu GOYABA. Ninguém mais possui esta adorável goyabice, esta maneira tão especial de enxergar as pequenas goyabas que existem por aí... Ruy, sou declarada e entusiasticamente sua fã! Depois do lírico momento Drummond, não poderia deixar de abrilhantar meu blog com o fantástico, o incrível, o totalmente inesperado....

MOMENTO GOYABA!



Porto Solidão
Intérprete: Jessé
Música e letra: Zeca Bahia/Gincko

Se um veleiro repousasse na palma da minha mão
Sopraria com sentimento e deixaria seguir sempre
Rumo ao meu coração, meu coração

A calma de um mar que guarda pra amanhã os segredos
De versos naufragados e sem tempo

Rimas de ventos e velas, vida que vem e que vai
A solidão que fica e entra
Me arremessando contra o cais

7.2.03

Ah, esse Luis N...

Ele é capaz de transformar um ponto final em poesia. E estimular nossa imaginação, para que vejamos asas de borboleta nos lugares mais improváveis. Vejam só que lindo texto...

O meu filho, que está na idade dos porquês, perguntou-me um destes dias por que é que os aviões não têm asas bonitas como as das borboletas. Sorri com a sua ingénua sabedoria e, de repente, vi com uma alucinante nitidez um mundo triste e cinzento onde a exuberância da Natureza já não tinha lugar. Esta visão inesperada abalou-me profundamente. O meu filho continuava à espera. Felizmente a resposta era simples. Usa a tua imaginação!

Luis, vou continuar tentando usar aminha imaginação como você usa a sua, para dar às pessoas que me visitam um pouquinho de beleza, visões mais bonitas que o brilho duro do metal do avião ou o brilho duro do egoísmo e desamor nos olhos de algumas pessoas.

Afinal, Algumas coisas muito pequenas -- como as asas de uma borboleta ou o sorriso de uma criança na idade dos porquês, quando finalmente consegue entender o porquê -- têm um impacto muito grande em nossa felicidade. Sigo sempre tentando espalhar asas de borboleta por aí, e sendo sua admiradora sincera.

Nunca pare de escrever!

6.2.03



Momento Drummond

Poucos são os homens que sabem amar assim... e em menor número ainda são as mulheres que sabem despertar este sentimento.


RECONHECIMENTO DO AMOR
Carlos Drummond de Andrade

Amiga, como são desnorteantes
os caminhos da amizade.
Apareceste para ser o ombro suave
onde se reclina a inquietação do forte
(ou que forte se pensava ingenuamente).
Trazias nos olhos pensativos
a bruma da renúncia:
não querias a vida plena,
tinhas o prévio desencanto das uniões para toda a vida,
Não pedias nada,
não reclamavas teu quinhão de luz.
E deslizavas em ritmo gratuito de ciranda.

Descansei em ti meu feixe de desencontros
e de encontros funestos.
Queria talvez -- sem o perceber, juro --
sadicamente massacrar-te
sob o ferro das culpas e vacilações e angústias que doíam
desde a hora do nascimento
senão desde o instante da concepção em certo mês perdido na História,
ou mais longe, desde aquele momento intemporal
em que os seres são apenas hipóteses não formuladas
no caos universal.

Como nos enganamos fugindo ao amor!
Como o desconhecemos, talvez com receio de enfrentar
sua espada coruscante, seu formidável
poder de penetrar o sangue e nele imprimir
uma orquídea de fogo e lágrimas.
Entretanto, ele chegou de manso e me envolveu
em doçura e celestes amavios.
Não queimava, não siderava: sorria.
Mal entendi, tonto que fui, esse sorriso.
Feri-me pelas próprias mãos, não pelo amor
que trazias para mim e que teus dedos confirmavam
ao se juntarem aos meus, na infantil procura do Outro,
o Outro que eu me supunha, o Outro que te imaginava,
quando -- por esperteza do amor -- senti que éramos um só.

Amiga, amada, amada amiga, assim o amor
dissolve o mesquinho desejo de existir em face do mundo
com olhar pervagante e larga ciência das coisas.
Já não defrontamos o mundo: nele nos diluímos,
e a pura essência em que nos transmutamos dispensa
alegorias, circunstâncias, referências temporais,
imaginações oníricas,
o vôo do Pássaro Azul, a aurora boreal,
as chaves de ouro dos sonetos e dos castelos medievos,
todas as imposturas da razão e da experiência,
para existir em si e por si,
à revelia de corpos amantes,
pois já nem somos nós, somos o número perfeito:
UM.

Levou tempo, eu sei, para que o Eu renunciasse
à vacuidade de persistir, fixo e solar,
e se confessasse jubilosamente vencido,
até respirar o júbilo maior da integração.
Agora, amada minha para sempre,
nem olhar temos de ver, nem ouvidos de captar
a melodia, a paisagem, a transparência da vida,
perdidos que estamos na concha ultramarina de amar.

1.2.03



Dia dois de fevereiro é dia de festa!

Nunca é demais parabenizar e dar afeto aos amigos. Quando é um DAQUELES amigos que não são facilmente encontrados, que podemos contar nos dedos de uma mão, com sobra, então é uma necessidade. Eu tenho um amigo assim que faz aniversário neste dia dois, e não dá para não desejar para ele o mundo todo de alegria e felicidade.

Dennis, Pimentinha querido... tudo o que você é, tudo o que você significa para mim, todo o carinho que tenho por você, é simplesmente coisa demais para escrever. O bom é que você sabe. Não precisa falar .

Tudo de bom, amado, neste e em todos os outros aniversários que vierem.

Muito amor da amiga

Sue