24.2.03



Sensações

Noite de sábado. Cansaço bom, olhos pesados, respiração tranquila, corpo mole e relaxado. Naquela terra de ninguém entre a vigília e o sono, sinto a pontinha de um dedo indicador encostar de leve na minha nuca. Devagarinho, sem nenhuma pressa, sabendo o que faz comigo, este dedo levado desce lentamente pela minha coluna. Desce, sobe, executa volutas audaciosas entre minhas omoplatas... um dedo. Um.

Já totalmente desperta, de uma forma que só você me desperta, finjo ainda dormir. Quero saber até onde este dedo pretende chegar. O danado resolve chamar os amigos, e os cinco massageiam minhas costas vagarosamente. Eu já não consigo mais disfarçar que estou acordada, porque meu corpo instintivamente encosta no seu. E percebo que você também está desperto, de uma forma que eu sei bem despertar em você.

Os dedos continuam a festa que começaram, mas agora minhas costas estão bem encaixadas no seu peito, então eles brincam onde gostam mais. Onde eu gosto mais. Sem aviso, no meu pescoço surgem dois lábios, que fazem uma dupla do barulho sozinhos, mas que vieram num trio demolidor com uma língua irrequieta.

Somos neste momento um único bicho-sensação, de múltiplas pernas e braços, uma massa ondulante que suspira, e eu não sei mais onde a fêmea acaba e o macho começa.

O que sei é que a noite apenas começou, e eu já estou inacreditavelmente feliz.

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