15.4.03



Escritores e guardanapos


Meu querido amigo Luis N. tem feito investigações muito interessantes no seu site http://milmaisuma.leiturascom.net a respeito da mania que muitos escritores têm de escrever em guardanapos de papel. Eu não tenho este hábito, porque raramente estou sem papel e caneta. Mas conheço pessoas que escreveram a primeira versão de quase todos os seus contos e poemas em guardanapos de papel. Uma destas pessoas, um velho amigo poeta, me inspirou para fazer este mini conto, que postei inicialmente nos comentários do site do Luis, e que fica registrado aqui como um carinho a um escritor que admiro e um amigo que adoro. Luis, Luis...

Ele era um poeta raivoso, que vagava pela noite irrequieto, como a perguntar às estrelas o que diacho elas tinham feito com o Sol. Muitas noites fui sua companhia de palavras e palavras, mas na maioria delas sua única companhia era o copo de cerveja, e à sua volta dançavam as musas. Elas sussurravam, sussurravam, susssuravam, era o poema perfeito! Angustiado, o poeta raivoso e entorpecido procurava roubar das musas o poema perfeito, mas a cerveja, amante ciumenta, só permitia o ocasional e irregular registro destas visões no frágil e translúcido guardanapo de papel dos bares mais sujos da cidade.

Nenhum comentário: