Chuva de Ouro
Abre para mim teus braços verdes, delicada bailarina dourada, exibe com meticuloso esmero as rendas amarelas da tua beleza. Aquela mesma renda com que me presenteastes antes, quando eu não sabia ainda que num apartamento coubesse esta imensidão de céu, ou tamanha multiplicidade de luzes.
Dança para mim, beldade, a tua elegante e estática dança da expansão dos ramos. Sei que não podes dar-me a resposta oracular da tua humilde prima Margarida; mas podes oferecer o consolo altivo da tua lindeza iluminada a ouro, quando ele mal-me-quer, ou pintar de gotas de sol toda a sala, quando ele bem-me-quer.
O mais angustiante, florzinha, é que nem eu nem tu temos maneira de determinar o que vai ser.
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