Moonlit Mountain por Garé Barks (detalhe)
Meditações
O coração bate no acorde, ainda um pouco acelerado, e vagarosamente aquieta no peito. Um cristal que retine em meio ao silêncio. Silêncio ainda dissonante... O silêncio é uma expectativa e o silêncio leva à melodia....
sol ré si mi ... fá fá dó sol
A sombra fria da pedra apoia e envolve a alma, o coração desacelera suavemente, entrando no ritmo da melodia...
sol ré si mi ... fá fá dó sol
As notas são sinos, sinos que chamam para a oração... leve, leve, calmamente....
sol ré si mi ... fá fá dó sol
Gotas de água caem em uma bacia de pedra, gota a gota ecoando o som dos sinos... pequenos sininhos d’água que chamam a atenção dos sentidos para os sinos que chamam para a oração... calma, calma, docemente....
A alma sobe, sobe, sobe.... uma escada com degraus feitos de luz. A ascensão é rápida e fácil, mas há momentos que a humanidade pesa. Lentamente, a luz dos degraus penetra a alma e a humanidade flui de encontro à divindade... e a subida agora é em vôo livre.
O bater suave das asas da alma, as correntes de ar descendentes e ascendentes, tudo é aprendizado, beleza, quietude. Ao longe e acima, ainda um pouco distantes, o pouso e o repouso que se busca. Ainda é preciso bater as asas, sentir o vento, seguir adiante. Um grande silêncio toma lentamente conta de todo o interior da alma. Asas e vento. Vento e luz.
A alma pousa no topo da montanha de pedra fria, e por um momento observa o trajeto que percorreu. Pequenas pedras escorregam do topo da montanha, tirando do ar lascas de cristal que ressoam no vento. A alma queda tranqüila a escutar os sons do elevado local. Água escorre de uma nascente, pequenas gotas sonoras... a alma se resfria e acalma ainda mais com estes respingos. A alma se banha nas gotas de luz e no som do cristal.
Dentro de si, a alma sente que também é feita de luz, líquido e sons cristalinos, e estes sons fazem sua própria melodia de louvor e integração ao divino. Luz líquida, luz cristalina, sons de água e de vento, reflexos, iridescências, silêncio, tilintares.
Paz.
(Respeitosa e agradecidamente, para Alfredo Votta)
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