18.3.03
É duro quando morre um amigo. Ficamos sem saber o que fazer, como expressar, que vínculo declarar com esta pessoa, para que quem está à nossa volta entenda o tamanho da nossa perda. Afinal, dizem alguns olhares, não é família, porque está assim? É pior, para pessoas que não têm esta convivência na Net, quando é um "amigo virtual". Os amigos não internautas olham para você com uma cara estranha, ao vê-la chorar por uma pessoa que "você nunca viu". Esta frase me deixa triste e zangada, como se amizade e sentimento estivessem vinculados à visão apenas. Cegos por acaso não podem ter amigos, é isso?
Mas não estou escrevendo para discutir se amigos virtuais são amigos de verdade, nem em que nível. Estou aqui para declarar que o MUNDO TODO perdeu uma pessoa especial. Eu, que tive um contato pequenino demais com este homem, digo que ele vai me fazer falta o resto dos meus dias. Que Alex Cabedo é o meu futuro do pretérito. Que linda história seria, que coisa especial se construiria, se Deus houvesse permitido que o oceano que estava entre nós se desvanecesse, e de repente nos encontrássemos juntos, no mesmo lugar, olhando juntos para a lua.
Porque o Alex me dava vontade de olhar a lua. De falar bobagens ao pé do ouvido. De fazer ternurinhas e delicadezas. Perdê-lo antes que estas coisas pudessem se realizar, ah, é uma dor tão funda... Que viagem maravilhosa seria...
Eu não vou deixar de sorrir, Alex, porque sei que você não gostaria. Sei que você ficaria bravo comigo de me encolher num canto escuro e chorar, como fiz hoje. Não, você não ia gostar nada. Você gostava de conversar, de rir, de namorar, de velejar, de estar com os filhos (Ah, seus filhos, Alex! Não posso pensar muito neles agora...), de ser feliz. E eu vou buscar a felicidade, quase como uma homenagem à você. Mas nunca mais vou poder olhar a lua do mesmo jeito. O mar que temos agora pelo meio, querido, é ao mesmo tempo mais difícil e mais fácil de cruzar. Ainda estaremos juntos.
Sei que as pessoas não entendem. Ninguém entende. Mas nós nos entendíamos, Alex, sem olhares e sem toques, sem que fosse preciso sequer dizer muito. E pensar que você foi o leitor que primeiro manifestou agrado pelo Asa... e sempre manifestou um agrado por mim que me trazia estrelas aos olhos. Pedindo sua licença, querido, vou terminar este texto com palavras suas, para que as pessoas entendam um pouco mais. Descanse em paz
Querida Sue, borboleta das asas azuis.
Não dá para explicar o que me passou aqui dentro com as tuas Palavras, porque
"Elas possuem a capacidade de em poucos minutos cruzar mares,
saltar montanhas, atravessar desertos, intocáveis."
Que posso eu acrescentar? Que muitas vezes te escuto e sinto o arrepio da intimidade prestes a revelar-se? E que vejo a doçura do teu génio escorrer pelas entrelinhas, como se cada fala tua fosse um favo carregado de mel? E que, ainda por cima, tenho muita vontade de te ver e descobrir o som do teu sorriso? Tudo isso é certo, tudo isso é pouco.
O real é a espera, a saudade daquilo que nunca tivémos. Um sobressalto feito promessa de beijo. Um mesmo raio de lua que nos faz divagar juntos, ainda que com tanto mar pelo meio.
Um beijo grande.
Alex
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