Aprendi umas coisinhas durante a minha estadia no casulo. A primeira, e mais importante, veio de uma frase de um amigo querido: "Sue, não se entrega a chave do desejo a qualquer um, nem se deve implorar que alguém a pegue." Realmente, amor é algo que só se oferece uma vez. A insistência é chata, e magoa quem oferece e quem recusa.
A segunda é que este sentimento não vai embora. Ele está aqui para ficar.
Terceiro, descobri a principal fonte do meu sofrimento. Eu precisei amputar algo em nascimento, o que sempre me causa um mal-estar terrível. Enquanto há um fiapo de esperança de salvação, eu preservo. O problema, neste caso, é que não existe sequer um fiapo de esperança. Então, subi o monte, levei meu filho primogênito ao altar do Senhor, e o imolei. Matei meu unicórnio.
A melhor descoberta, a que me deu finalmente forças para sair do casulo, foi a de que, ao matar a possibilidade de realização deste sentimento, eu o introjetei, e hoje ele é parte de mim, inextricável. A única forma que eu encontrei de conviver com ele sem enlouquecer foi de tentar transmutá-lo em algo mais difuso, que hoje funciona como a pele da minha alma, recobre tudo o que eu faço, é parte de mim.
Por enquanto, sofro ainda de uma dor difusa, um excesso de sensibilidade, como a pele nova de um corte, ou a pontada de uma nova cicatriz. Com o tempo, eu sei, a cicatriz vai doer menos, e se a tristeza permanece, permanece como algo lírico, mais uma gota de melancolia no meu olhar. Mas a possibilidade da alegria, que tinha partido, está de volta.
Saí do casulo. Minhas asas ainda estão amarfanhadas e molhadas, mas estão ficando maiores, mais fortes, mais bonitas.
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