27.10.04

Ouvidos atentos, braços abertos


Escrevi para um amigo, ele me deu as costas. Falei com uma amiga, ela me deu conselhos. A rejeição foi o chute no estômago no lutador caído. E de que adiantam conselhos quando se está assim? As palavras não entram, não conseguem atravessar a eterna discussão entre a mente e o coração: "Não pode!" "Mas eu quero!" "Não pode!" "Mas eu quero!!" A dor era a mesma, e também a confusão. Que fazer, que fazer, com quem falar? Paro, ando, escrevo, choro, peço colo a meu pai, me deixo atropelar por um caminhão?

Aí, duas coisas aconteceram. Escutei sua voz. Cansada, tensa, aborrecida. Mas era você. Eu não estava muda, e você não estava surdo. A certeza de que o dolorido passa consolou, ou ao menos mandou a enxaqueca embora. Conversamos, desenhamos, a sensação de estranheza, de que o mundo tinha acabado, foi sumindo durante a noite.

A segunda coisa foram os braços abertos do amigo. Acolheu (era só o que eu queria!) o que o outro amigo não quis nem ver. Escutou sem julgar, falou palavras de carinho, falou a principal: eu ENTENDO. Não eu TE entendo, mas eu entendo. Entendendo, ele me ajudou a desenrolar. Desenrolando o fio deste novelo emaranhado, descobri a Eternidade.

Amor não acaba, amor é eterno. Esta certeza que é seu chão há de ser meu teto.

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