31.10.06

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Fazendo diamantes



De que São Feitos os Diamantes?

Na verdade, do mesmo material de que o carvão e a ponta de seu lápis são feitos - carbono, só que os átomos estão combinados de uma forma que faz as suas ligações muito fortes.
As ligações são feitas quando o carbono está em temperaturas muito altas e sob pressões muito fortes. Os diamantes naturais são feitos nas profundezas da terra, mais ou menos a 180 km de profundidade, onde altas temperaturas e pressões existem naturalmente. Sob a crosta terrestre está o manto, que é formado por rocha derretida, metais e outros materiais. A temperatura é muito alta nesta profundidade - entre 1100°C e 1400°C. As fortes pressões são produzidas pelo peso de 180 km de rochas sobre o manto. Além do carbono, há quantidades ínfimas de outras substâncias, como nitrogênio e enxofre, que podem ficar presas no cristal quando ele é formado no manto. Essas impurezas podem definir a cor do diamante. Um dos mais raros é o diamante cor-de-rosa.

De onde vem o carbono para fazer os diamantes?

A maioria dos diamantes é feita do carbono que estava no manto desde quando a terra foi formada, mas alguns são feitos do carbono de corpos e conchas de microorganismos, como algas em oceanos antigos. Este carbono orgânico foi enterrado em rochas que foram arrastadas para o manto pelas placas tectônicas e movimentos dos continentes. Todos os seres vivos na terra são formados de carbono. Se você ou eu de alguma forma caíssemos em uma vala oceânica na borda de uma placa tectônica onde as rochas estivessem sendo arrastadas para debaixo de um continente, nós poderíamos reaparecer como diamantes milhões de anos mais tarde.
origem do texto


Outro dia um amigo que me conhece bem comentou, preocupado comigo, que eu não sabia me defender das agressões das pessoas, eu apenas sabia suportá-las e esperar que elas passem.

Um outro dia, logo depois, eu escutei a frase: “Os diamantes são pedacinhos de carvão que souberam suportar bem a pressão”. Aí fui pesquisar a origem dos diamantes e achei o texto acima.

Eu, ontem e hoje, durante todo o dia, fiquei tentando descobrir que tipo de carvão eu sou. É uma pergunta complicada. Complicada de fazer, porque todo mundo tem medo da resposta. Ninguém ou quase ninguém tem desprendimento ou coragem o suficiente para realmente querer saber como o outro o enxerga.

Mais difícil ainda é fazer a busca doída dentro de si, cavucar fundo, remexer nas racionalizações covardes, desenterrar as mentirinhas convenientes, desmascarar as fantasias confortáveis que temos a nosso próprio respeito. É duro ter de dar nomes aos bois, virar para o espelho e chamar o medo de medo, a fraqueza de fraqueza, a covardia de covardia. Não, não é prudência, é pavor. Não, não é sensatez, é covardia.

Pior é quando o mundo começa a girar à sua volta, a pressionar de todo lado, puxar e repuxar... e nem você mesmo é capaz de dizer se é muita valentia ou se é arrogância, se é fortaleza ou é isolamento. Tudo roda, as definições ficam confusas, as atitudes se misturam, o peito começa a apertar, apertar, a doer.

Eu me pergunto se só o que eu sei fazer é suportar. Me pergunto também se só o que o carbono pode fazer é suportar as enormes pressões, as moléculas vagarosamente condensadas sem misericórdia. Me pergunto se dói. Me pergunto também se o diamante recém nascido tem a noção de que é a substância mais dura, se ele tem noção da beleza da sua transformação. Será que diamante também tem medo? O carboninho que fica sossegado na superfície da terra sente inveja ou pena daquele carbono diferente, mais duro, de cor esquisita, que sofreu tanto. O que será que o diamante sente a respeito do carvãozinho?

Será que é mais fácil ser um gazinho flutuando na atmosfera, entrar curioso pelas folhas verdes das plantas, virar galhinho, virar fruto, virar comida e até virar gente? Será que o diamante lamenta seu destino, preso no magma e debaixo de tantas toneladas de rocha?

Não sei se vou um dia virar diamante ou se estou a caminho de virar farelo. Sei que a pressão é grande, e só o que eu sei fazer é suportar. Suportar e esperar.

3.10.06

Amores Zodiacais



Eu tenho alguns amores que só posso mesmo chamar de amores zodiacais, cada um deles montado firme em seu arquetípico signo.

Hoje à noite - naquele momento especialmente relaxado em que fechamos os olhos e sentimos o corpo leve e mole ser suavemente carregado para os braços de Morfeu - hoje me enchi de amor aquariano.

Lembrei das duas Renatas, uma branquinha e sardentinha, a outra morena de longos cabelos... uma com o sorriso resguardado dos que ficam ressabiados pelo sofrimento, a outra com o sorriso aberto e iluminado de criança, e a voz das duas de um suave timbre de menina que sei que terão até serem avozinhas.

Lembrei da alegria sutil e etérea da Helô, que sorri sempre o sorriso enigmático de alguém que sabe um segredo que o mundo inteirinho ignora. Sorriso sutil e nobre de gato de templo egípcio, que se queda delicadamente imóvel como uma estátua em torno da imagem de Bastet.

Lembrei especialmente do meu amor aquariano mais maluquinho, aquele que me mandava beijos fazendo biquinho em frente à webcam, e depois partia para alugar castelos na lua... e me contava como irado derramara mostarda marrom, grossa e escura nas coxas da menininha do jardim de infância que momentos antes fora seu amor e sua namorada.

Esse amor aquariano passou como um pião num redemoinho pelo pátio da minha vida, e jogou, não mostarda, mas uma metafórica pimenta ardida nos metafóricos olhos da minha alma. Metafórica que seja a pimenta, as lágrimas de cá foram bem reais, e acho que as de lá também foram.

Ele hoje rodopia seu pião maluquinho em outros pátios e outros jardins de infância. Hoje, no entanto, especialmente hoje, antes do sono me vencer, um amor imenso invade, um sorriso maroto rasga a boca e eu lembro de nossas traquinagens. Lembro do amor aquariano maluquinho que me marcou com ferro e com fogo, mas que no fim das contas só deixou mesmo uma lembrança doce, a imagem de uma franja lisa e impaciente e um beijo de biquinho em frente à webcam.

Nós fomos mesmo terríveis, Pimentinha!

Beijo de biquinho da Borboleta.

19.9.06

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Kinsey: sexo, amor, sentimentos



Vi recentemente num canal de TV a cabo o filme Kinsey, que fala da trajetória do professor que sacudiu a opinião pública americana ao deixar de catalogar vespas e passar a catalogar o comportamento sexual de homens e mulheres. É um filme rico de possibilidades de interpertação, o que já ajuda, mas ter Liam Neeson no papel principal só podia transformar mesmo este num bom filme. Eu sou suspeita para falar de Liam Neeson, que representa o cientista. Para mim ele é sempre perfeito em sua interpretação, seja como vilão de história em quadrinhos, seja como cavaleiro Jedi, seja como um entomologista que decide mudar seu objeto de pesquisa.

Ele sendo sempre perfeito, e representando uma figura polêmica, não seria de surpreender que o mais importante do filme fosse a qualidade de interpretação dos atores coadjuvantes. Ninguém desapontou. Laura Linney apresenta uma companheira dedicada, amante do marido, que tenta com toda a honestidade entender e se adaptar ao comportamento iconoclasta deste. Peter Saarsgaard está esplêndido como o nobre escudeiro bissexual, dublê de amante de Kinsey E de sua esposa, que depois vira o grande amigo do casal.

Parece complicado? Muito, muito complicado tudo aquilo com que o filme lida. Com a sexualidade humana, com seus sentimentos, com os limites e as possibilidades de explorar e expandir estes limites. Com a questão da normalidade e aceitação do que não é considerado normal. Tudo que pinica a humanidade, em suma. Lida com delicadeza em alguns momentos, com militância pela liberdade sexual em outros. Há cenas de grande impacto, tanto por sua beleza - como quando o idoso casal Kinsey pára um instante em seus muitos afazeres para tocar uma milenar sequóia no meio de uma floresta - quanto pela apresentação da dor humana - como o rapaz homossexual que mostra ao cientista as marcas de ferro em brasa que recebeu do pai e dos irmãos por ter sido descoberto explorando o corpo de um amigo aos 13 anos de idade.

Muitas coisas, muitas, para discutir e refletir, para aceitar e descartar. Duas cenas eu separei para falar aqui, hoje, as duas relacionadas ao mesmo assunto...

A primeira cena é aquela em que Kinsey conta a Mac (apelido pelo qual chama sua esposa) que teve relações carnais - e bota carnal nisso, que beijo!!! - com seu auxiliar Clyde. Ele começa a se explicar demais, a levar para um campo histórico-científico, fala dos gregos, e Mac corta imediatamente com a frase "Não use a ciência para desculpar o que você fez!" Ao escutar o argumento do marido que ela era sua menina e sempre seria (seus filhos já estavam crescidos), que aquilo tinha sido apenas sexo e que sexo monogãmico era apenas uma "convenção social, um limite imposto pela sociedade", adorei a resposta de Mac: "Você já parou para pensar, Prok, que estes limites existem para impedir que as pessoas machuquem umas às outras?"

Corta. Muitos anos depois, Clyde está casado com uma moça por quem era apaixonado. Ele já faz parte de um grupo de auxiliares de Kinsey, cuja a pesquisa era patrocinada pela Fundação Rockefeller. Kinsey pregava e estimulava o comportamento sexual livre, dentro de seu casamento e na vida de seus auxiliares. Não demora e o acidente acontece: a mulher de Clyde, que tem um caso com um colega de equipe do marido, decide abandoná-lo. O amante em questão e o marido abandonado se pegam no tapa e são levados para a sala do chefe. Kinsey pergunta ao amante se ele pretende largar a mulher e os filhos para casar com a mulher do outro, e prontamente recebe como resposta um enfático "Claro que não!" Com isso, o amante desastrado pede perdão a Clyde e parte da sala para ligar para o pomo da discórdia e avisar à tola que ele não pretendia de forma alguma assumi-la, e que estava tudo acabado.

Sozinho com Clyde, Kinsey começa a balbuciar frases do tipo "eu tinha dito a eles que não se apaixonassem", "eu vi essa crise chegando", como se um subordinado tivesse quebrado as regras de um jogo. Clyde responde com um palavrão e fala: "Você pensa que sexo não é nada demais, mas sexo é tudo. Ele pode rasgar você de cima a baixo." Kinsey pede que ele vá consolar a esposa, e ele parte ainda furioso e ferido.

Não, meus queridos e fiéis leitores, que ainda chegam aqui com esperança de ler algo meu (não diz o ditado que quem espera sempre alcança? Alcançou!), não vou falar de adultério. Nem de traição. Eu vou falar do que está por trás (sem trocadilho, juro!) do adultério e da traição. E por trás das pequenas e grandes insensibilidades que cometemos e de que somos vítimas ao longo das nossas vidas: vou falar da desconsideração.

Desconsideração... significa não considerar. Parece óbvio? Pode ser, mas as pessoas não agem como se fosse. Desconsiderar significa não PENSAR em determinada coisa ou pessoa - ou sentimento de outra pessoa - ao tomar uma atitude qualquer. Geralmente, cada vez que indignados acusamos um amado ou amigo de desconsideração, eles respondem surpresos: 'Mas isso nem passou pela minha cabeça!' E não passou mesmo.

Para mim, pelo menos, ESTE é o grande problema.

O ser humano é um animal egoista, pensa sempre primeiro em si, depois, TALVEZ, no outro. Eu tenho um problema sério com a raça humana: tenho dificuldade de lidar com este conceito do egoísmo. Não riam, é verdade, e é um problema sério. Eu sou, por temperamento, por criação e por preceito religioso uma pessoa que procura sempre pensar no outro, procura agir de forma a não pisar em calos e não ferir sensibilidades. Até hoje estou para encontrar alguém que retribua a cortesia. A desconsideração do outro me agride fundo. Muitas vezes, a desconsideração de pessoas de quem eu esperava mais cuidados me leva a reações lacrimosas ou agressivas, pois tenho gênio. O egoísmo e o não-pensar do outro é algo que não me cai bem, e não sei lidar com ele. Acreditem, é falha grave para quem quer socializar.

Mas hoje, depois de ver este filme, percebi que o problema que Kinsey tentou inutilmente resolver através de pesquisa estatística é um só: não pensamos naqueles que amamos quando decidimos o que vamos fazer. Não consideramos as consequências de nossos atos nas pessoas à nossa volta. Aquilo que fazemos, fazemos porque queremos e pronto, quem quiser que vá reclamar ao bispo. Quanta dor pequena e grande seria evitada se por um instante as pessoas CONSIDERASSEM. Quantas sensibilidades não seriam feridas pelas botas pesadas da inconsciência...

Por favor, PENSEM. Os sentidos são para ser comandados, sempre, pelo intelecto e pelo espírito. E reparem, eu aqui não falo de um ponto de vista moral. Estou falando de relações simples de causa e efeito que poderiam ser evitadas por um momento de reflexão séria. Não estou falando que isto é certo e aquilo é errado. Apesar de ter os comportamentos da humanidade distribuídos claramente nestas duas listas, esta listas são minhas. Cada um pode e deve construir as suas, e depois fazer a contabilidade com Deus lá em cima.

O que eu estou dizendo é que, a cada ato impensado que temos, ALGUÉM a quem amamos vai se sentir ferido. Ao dizer "isso nem me passou pela cabeça", dizemos a este ente querido que ele não foi levado em consideração. Exagero meu? Bem, QUEM gostaria de trocar de lugar e descobrir que um ser amado tomou decisões sem sequer pensar em nós?

Pensem a respeito.



Kinsey
Gênero: Drama e Biografia
Duração: 1 hr. 58 min.
Lançamento: 12 de novembro de 2004 (LA/NY)
Distribuidores: 20th Century Fox, United Artists Films
Elenco:
ALFRED KINSEY - Liam Neeson
CLARA McMILLEN - Laura Linney
CLYDE MARTIN - Peter Sarsgaard
WARDELL POMEROY - Chris O'Donnell
PAUL GEBHARD - Timothy Hutton
ALFRED SEQUINE KINSEY - John Lithgow
THURMAN RICE - Tim Curry
HERMAN WELLS - Oliver Platt
ALAN GREGG - Dylan Baker
ALICE MARTIN - Julianne Nicholson
KENNETH BRAUN - William Sadler
HUNTINGTON HARTFORD - John McMartin
SARA KINSEY - Veronica Cartwright

17.9.06

Newsflash

Amados, não estranhem o silêncio. Tudo que eu escrevesse aqui, durante este tempo todo em que tenho estado no olho do furacão teria soado caótico, triste ou zangado. E não estou, de verdade, numa fase ruim. Nem deprimida, nem infeliz.

Estou apenas cuidando de quem toda a vida cuidou de mim.

AS MÃOS DE MEU PAI - Mário Quintana

As tuas mãos têm grossas veias como cordas azuis
sobre um fundo de manchas já da cor da terra
- como são belas tuas mãos
pelo quanto lidaram, acariciaram ou fremiram na
nobre cólera dos justos...
Porque há nas tuas mãos, meu velho pai, essa beleza
que se chama simplesmente vida
E, ao entardecer, quando elas repousam nos braços de
tua cadeira predileta
uma luz parece vir de dentro delas...
Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente,
vieste alimentando na terrível solidão do mundo
como quem junta uns gravetos e tenta acendê-los
contra o vento?
Ah, como os fizeste arder, fulgir, com o milagre das tuas mãos!
E é, ainda, a vida que transfigura as tuas mãos nodosas...
essa chama de vida - que transcende a própria vida
... e que os Anjos, um dia, chamarão de alma.

6.4.06

Data Feliz

Às dez e meia da noite de um dia seis de abril, não muito tempo atrás, ganhei um presente. Eu nem sabia que tinha ganho este presente até muito tempo depois. Aliás, nem é fácil definir que tipo de presente é. Tem muita gente que insiste que é presente de grego, outros provavelmente pensam que o presente não é meu. Tem gente que cobiça meu presente, teve mais de uma pessoa que tentou ou gostaria de tentar tirar meu presente de mim.

Acontece que o que Deus dá não há pessoa que tire, e o que meu presente tem de grego é que ele é uma linda caixa de Pandora, com todos os males dentro... mas lá no fundo, escondida, brilha a Esperança. Os males todos saem de dentro da caixa, já começaram a sair, e o mundo que lide com eles. A Esperança continua a brilhar lá dentro, cada dia mais.

Este presente não podia deixar de ser meu, afinal a Borboleta e a Esperança são primas!

Seis de abril, para mim, é a data mais feliz do ano. Não conto porque. Quem sabe, sabe, quem não sabe fica sem saber. (risos)

24.3.06

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Às vezes, é preciso acreditar EXATAMENTE nisso



"Somewhere Over the Rainbow"
music by Harold Arlen and lyrics by E.Y. Harburg

Somewhere over the rainbow
Way up high,
There's a land that I heard of
Once in a lullaby.

Somewhere over the rainbow
Skies are blue,
And the dreams that you dare to dream
Really do come true.

Someday I'll wish upon a star
And wake up where the clouds are far
Behind me.
Where troubles melt like lemon drops
Away above the chimney tops
That's where you'll find me.

Somewhere over the rainbow
Bluebirds fly.
Birds fly over the rainbow.
Why then, oh why can't I?

If happy little bluebirds fly
Beyond the rainbow
Why, oh why can't I?

22.3.06

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Meditações de Outono



Porque será que as folhas dos plátanos ficam tão mais lindas antes de morrer?

Não sei se os veranistas de plantão, os eternos adoradores das areias da praia, vão concordar comigo. Felizmente, não preciso que muitas pessoas concordem comigo... Enfim, acho o Outono a estação mais linda do ano. Este é o momento do ano em que a natureza oferece um festival de beleza, os dias têm um friozinho gostoso, o céu é de um azul intenso que quase cega, é belo demais. A luz é indescritível.

Quem tiver a sensibilidade, ou quem tiver morado como eu num lugar onde neva - e se passa meses do ano privado de qualquer cor que não seja o verde escuro dos pinheiros e o marrom-acinzentado dos troncos nus - vai concordar que é a época do ano em que se medita com mais profundidade, em coisas mais importantes. A Natureza deslumbra, mas também mostra que as folhas caem de um dia para o outro, que tudo é efêmero e passa rápido. Os dias ensolarados se alternam com noites cada vez mais frias. Há uma pressa em absorver esta beleza toda, o passo da gente fica mais acelerado...

Eu estou vivendo o outono de meus anos. Os momentos são frescos, são ensolarados, mas eu SEI que o inverno está logo ali. Isso não me dá tristeza, me dá urgência, aquela pressa de urso que precisa comer para hibernar com um estoque de alimento que o sustente até a primavera. Porque, certamente como chega o inverno, ele passa para dar lugar a uma linda primavera... um renascer lindo num lugar melhor do que este.

Mas, primeiro, penso grave olhando o céu brilhante de minha cidade, primeiro há que se enfrentar o inverno. E o outono é a época de se preparar para isto.

Talvez o outono seja tão lindo para nos dar forças para o que virá.

16.3.06

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Águas de Março



Mais uma vez, nossa amiga Cristina me acorda com uma linda mensagem. E eu, na correria em que minha vida se transformou, paro um instante para pensar em nossa amizade e sorrir.

Três anos... três anos desde que você partiu no seu lindo veleiro de luz, buscando aventuras das quais eu não posso tomar parte, buscando um caminho que ainda não posso trilhar. Um dia, Alex, um dia, vou planar ao lado do seu veleiro com iridescentes asas de borboleta. Quem sabe as aventuras que viveremos então!

Agora, você veleja só - ou com os amigos que já deve ter feito neste mar infinito - enquanto aqui tudo é doce saudade.

Beijo muito grande, amigo querido.

21.2.06

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Eles vieram a SP, como tinham estado no Rio. Nas duas vezes eu não fui, por motivos parecidos. Queria que o conjunto tivesse aquela visceralidade inocente dos primeiros anos, queria que a coisa toda fosse mais primitiva e menos "zooropa". Não queria ver o Bono saltitando vestido de terno prateado. Não queria participar da "índústria do showbusiness".

Parece que o tempo passou e a crise de adolescência da banda também. Eu pude ver pela TV uma banda que me emocionou pela declarada alegria de estar ali, pela falta de vontade de ir embora. E, na hora que eles foram realmente embora, o gesto singelo de colocar o terço sobre o pedestal do microfone e saudar o Senhor me fez chorar.

Katilce podia estar muito contente, mas duvido que estivesse mais FELIZ que eu enquanto a multidão, sem saber, louvava a Deus em altos brados, e toda aquela vozeria subia aos céus inocente, vital e forte, massas de vozes em coro pedindo a Jesus libertação.

Que os anjos digam amém.

40

I waited patiently for the Lord.
He inclined and heard my cry.
He brought me up out of the pit
Out of the miry clay.

I will sing, sing a new song.
I will sing, sing a new song.
How long to sing this song?
How long to sing this song?
How long, how long, how long
How long to sing this song?

You set my feet upon a rock
And made my footsteps firm.
Many will see, many will see and hear.

I will sing, sing a new song.
I will sing, sing a new song
I will sing, sing a new song.
I will sing, sing a new song

How long to sing this song?
How long to sing this song?
How long to sing this song?
How long to sing this song?

19.2.06

Tem coisas que a gente sente fundo, de um jeito meio desordenado, mas mesmo assim precisa dizer... mas descobre que, pombas, já disseram antes de nós! Quando eu passo por algo assim, geralmente posto a idéia original aqui, com um pequeno comentário meu.

É isso que eu tenho a dizer: estou tentando, que é só o que posso fazer; a droga é que, por mais que a gente tente, às vezes a gente falha. Aí se respira fundo e tenta outra coisa.

A vida é isso mesmo - uma porção de coisas que a gente tentou, conquistou ou falhou.

Valeu, Paula e George


Eu Tou Tentando
Composição: George Israel / Paula Toller

Eu tou tentando largar o cigarro
Eu tou tentando remar meu barco
Eu to tentando armar um barraco
Eu to tentando não cair no buraco

Eu to tentando tirar o atraso
Eu to tentando te dar um abraço
Eu to penando pra driblar o fracasso
Eu to brigando pra enfrentar o cagaço

Eu to tentando ser brasileiro
Eu to tentando saber o q é isso
Eu to tentando ficar com deus
Eu to tentando que ele fique comigo

Eu to fincando meus pés no chão
Eu to tentando ganhar um milhão
Eu to tentando ter mais culhão
Eu to treinando pra ser campeão

Eu to tentando ser feliz
Eu to tentando te fazer feliz

Eu to tentando entrar em forma
Eu to tentando enganar a morte
Eu to tentando ser atuante
Eu to tentando ser boa amante

Eu to tentando criar meu filho
Eu to tentando fazer meu filme
Eu to chutando pra marcar um gol
Eu to vivendo de rock'n roll

15.2.06

Eles pareciam confortáveis um com o outro, depois de tantos anos juntos. Ela tinha a sensação que ele sempre tinha estado ali, que sempre estaria, que o relacionamento dos dois era um mar cálido e manso, praticamente sem ondas. Um dia, ele a surpreendeu:

- Estou cansado.

- Cansado? De que?

- Sei lá, desanimado.

- Desanimado a respeito de que?

- Sei lá.

- Mas qual é o problema? Sei que estamos passando por momentos difíceis, mas nada tão difícil assim... a gente é feliz, não é?

- Você é feliz. Eu nunca fui feliz na minha vida.

Ela podia escutar o sibilar do vento enquanto o coração dela caía no precipício, e o aviso permitiu que ela conseguisse esconder com habilidade a dor intensa que sentiu quando ele se espatifou no chão. Milhões de pedacinhos rubros que ela ia ter de catar, um por um, e tentar juntar de novo. Mas agora não. Agora ela precisava conseguir sair do torpor que uma frase tão simples a fizera sentir.

Nunca foi feliz? Nunca? Tudo mentira, tudo ilusão, os risos, as brincadeiras, os jogos, o companheirismo, nada disso fora capaz por um só momento de fazê-lo sentir que estava pleno, completo, nem por um instante? Se isto era verdade, e ela sequer percebeu, com que é mesmo que ela se relacionara estes anos todos? De repente, o mar tranquilo e calmo virou um buraco negro. Tudo que a fazia sentir que era especial na vida dele sumira sem deixar vestígios.

Ah, a dúvida, a dúvida Otheliana, feroz, que insandece, que distorce a realidade e deixa uma pessoa que via tudo claramente tateando às cegas. Se isto era mentira, o que mais era mentira? Tudo era mentira? O desejo que ele sentia por ela era mentira também? Quando ele lhe dizia que era bonita, isto também era uma mentira gentil? Não poderia ser TUDO mentira, seria loucura que ele permanecesse a seu lado estes longos anos, não poderiam ter passado juntos tudo o que passaram, e vencido, se fosse tudo mentira. Mas agora, o fato novo sacudiu as estruturas de todos os fatos antigos, e a fez duvidar. Na falta de certeza do que duvidar, duvidava de tudo.

Ela morria por dentro e ele, ensimesmado, sequer percebia. E isto fazia ela pensar se algum dia se enxergaram, de verdade, um ao outro. O que os mantia juntos?

Verdade? Mentira?

15.1.06

Começando 2006

Pois é... e o Natal passou voando, e também o Ano Novo. Fui surpreendida pelo término do tratamento de quimioterapia do meu pai (agora a longa espera, a expectativa), o aniversário dele, o meu... tudo isto passou num piscar de olhos. Cá estava eu, tentando decidir o que dizer a vocês desta sensação de que não há tempo suficiente para fazer tudo o que eu queria, tudo o que eu devia, tudo o que sou capaz, e descubro na gostosa releitura que Fernando Sabino já falou por mim. Aí, aproveito a carona do mineiro que faz tanta falta, e deixo o recado dele aqui.

Aproveitanto para recomendar com muita ênfase que vocês leiam as crônicas do livro "Deixa o Alfredo Falar!" Eu? Eu não só deixo como gosto muito, né Alfredo? Um beijo enorme de agradecimento pelo delicado telefonema de aniversário que me fez tão feliz!

Com vocês, Fernando Sabino!


"Ano Novo

A ser verdade o que afirmou Jules Renard, o homem começa realmente a envelhecer no dia em que exclama pela primeira vez: nunca me senti tão jovem como hoje. Pois mais um ano se passou, e aqui me vejo desmentindo o pessimismo do escritor francês, ao concluir que nunca me senti tão velho como hoje. E nem por isso fico mais jovem.

Ultimamente têm passado muitos anos - reconheceu outro grande escritor, desta vez Braga, ao que eu acrescentaria: e cada um mais depressa que o outro.

Este último, por exemplo, não durou mais que alguns dias e pronto, lá se foi. Nem tive tempo de fazer um exame de consciência sobre o que ele foi ou deixou de ser para mim, e já o novo ano segue em marcha batida para o seu termo. Mas recolho no próprio Jules Renard alguns trechos de exame semelhante que ele fez em 1895, e que eu poderia endossar sem nenhum esforço:

'Saído pouco: é preciso ver os outros, para colocá-los no lugar que merecem. Desprezado muito o jornalismo, os pequenos aborrecimentos, os azares da sorte. Lido pouca literatura grega e latina. Pouca esgrima e bicicleta: praticar até enfarar. O trabalho intelectual parecerá, então, uma espécie de salvação num convento onde se pode morrer.'

(...)

'Amado muito as crianças, posando de bom pai, ostentando muito a indiferença de meu coração relativamente à minha família. Muito enternecimento em relação aos pobres, a quem não dou nada com a desculpa de que nunca se sabe.'

'Não passo de um miserável, sei disso. Não sou orgulhoso mais. Sei disso, e continuarei.'

'E bato no peito, e, ao fim digo a mim mesmo: "Entre!" e me recebo muito bem, já perdoado.'

Eis aí: entre minhas faltas, conto também esta - a de me dispensar de enumerá-las, usando como pretexto uma citação literária. E no entanto, cada vez mais cansado da literatura. Certa tendência a escrever sem pensar - as idéias, mal nascidas e nem ainda formuladas, já sendo jogadas no papel. Certas palavras, melhor fora não dizê-las. Encontros a que não compareci. Aquele telefonema que eu devia ter dado, aquela pergunta que ficou sem resposta, aquele gesto brusco. Cartas que deixei de escrever. Às vezes, bastaria um sorriso, um aperto de mão, uma palavra... Aquele silêncio, em meio às palavras.

Porque não me retirei logo naquela noite? Que fiquei esperando? antes não tivesse ouvido. Às vezes é melhor esquecer. Aprender a esquecer. As lembranças também respiram, vivem, crescem e nos devoram.

Novos encontros. Outros que se foram - um que morreu, um que casou, um que simplesmente não conheço mais. Que é que ele quis dizer com aquilo? Esse menino como cresceu! Não havia aquele edifício ali. Gente nova que veio não se sabe de onde, fazer não se sabe o quê. E a leitura desse livro para sempre interrompida. O livro que não escrevi. Saber alemão, ler Goethe no original! Ao dentista tenho ido semanalmente.

Viajado por aí, pretextos fúteis, o regresso sempre o mesmo. Frases. Soube que você andou fora... Longe de mim tal idéia. Mas não tem dúvida alguma. Se você soubesse... Pois então nem se fala mais nisso. Não me leve a mal, por favor. O prazer é todo meu. Tempo de começar. Saber viver. Tirar do nada. Ver. Mostrar. Resolver. Agora ou nunca. Antes que seja tarde. Esquecer e dormir. Ano novo, vida nova: planos recompor, continuar, insistir, recomeçar.

Renascer."