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12.2.08

Para Falar de Vida

Depois de quase dois meses de ausência - que foram dois meses em que minha alma entrou em reunião a portas fechadas com minha mente e coração para analisar tudo o que já vivi nestes 43 anos de vida completos dia 12 de janeiro - estou de volta a esta minha casa na Net. Este é cantinho onde a Sue se comunica com aquelas pessoas que escolhem vir aqui e ler tudo que eu escrevo, seja lírico ou seja tolo, seja amoroso ou triste. Porque "literário" não é, nunca de propósito. As pessoas que quero aqui, comunicando comigo, são as pessoas com as que já me disseram: "eu penso e sinto também assim" ou "você colocou em palavras o que eu sentia mas não conseguia expressar" (este é o meu elogio favorito dentre todos). Pessoas, enfim, que tenham uma ressonância de espírito comigo.

Eu, no post anterior, desejo feliz aniversário à minha mami, que já partiu desta vida faz quase 22 anos. Porque eu sei que a vida é mais e maior que o que aquilo que vemos aqui, e a partida é apenas um novo começo. Afinal de contas, este peixinho na coluna da direita não significa uma homenagem a meu bisavô pescador... mas simboliza meu relacionamento e irmandande com alguns ajudantes do sucessor do primeiro Pescador de Homens, que me levaram pela mão até o regaço de Jesus e de sua Mãe Santíssima, de onde aprendi a louvar a Vida.

Tenho alguns amigos na rede que também aprenderam sobre a Vida nestes regaços, beberam da mesma fonte que eu, e um em especial tem uma maravilhosa forma de celebrar a defender a Vida: meu amigo jornalista Marcio Campos. eu já declarei em público um dia que ele é um bilhete premiado de loteria, hoje me declaro fanzoca assumida. Ele está fazendo um trabalho inteligente, espirituoso tanto quanto espiritual - e além de tudo muito importante -, a respeito da forma com que a Mídia tenta criticar aqueles que celebram a Vida. Força, Marcio, posso colaborar com este pequeno link e muitas orações. Você com certeza, com a ajuda do Espírito Santo, dá conta do resto.

Com vocês o "Pai, perdoai-lhes, eles não sabem o que escrevem"

13.12.07

Os caminhos que a vida traça sem a gente perceber... chega a ser engraçado, se ao menos não fosse tão triste. Uma faxina mais corajosa nos pertences do pai, mais umas sacolas de livros doados à Biblioteca Municipal, e eis que uma figura muito importante do meu passado aparece de fininho, elegante como sempre foi, sem exagero de expressão, quase calado como ele era. Um livrinho escrito por um outro-pai, um homem que me amava e a quem eu amei exageradamente, com coração de filha e de criança. Nunca cheguei à conclusão se ele era um poeta que lutava ou se era um guerreiro que fazia poesia. Ele morreu enquanto eu era jovem demais para descobrir.

Hoje há outro Joaquim que eu amo, exageradamente como amei meu primeiro Joaquim, mas sem a inocência e o salvo-conduto da infância. Amar na idade madura é tão mais arriscado, tanto calo a ser pisado onde só havia alegria antes... Meu primeiro Joaquim era metade como eu, sensível e apaixonado, se expressava na poesia. Metade ele era como o segundo Joaquim, calado e guardado, desesperançado com o mundo. O primeiro Joaquim morreu de tristeza, ainda muito novo, poeta que era, novo demais, com muita poesia tragicamente por escrever. Deixou de cumprir a promessa-ameaça que jocosamente fazia a meu pai, que era a de me levar, ele mesmo, ao altar e entregar minha mão à um prometido que ainda estava no porvir.

Teria sido perfeito, tio amado, que você pudesse ter-me levado àquele prometido altar, e entregue sua pequena amiga para um segundo Joaquim, jovem, confiante e livre para me receber diante de Deus e dos homens. Mas este mundo, este mundo que nos rala a pele e nos enche a alma de cicatrizes, este mundo não é perfeito, não é, querido?

De um Joaquim para outro, passando por dentro do meu coração:

Amigos de Longos Anos
(Maj. Brig. Joaquim Vespasiano Ramos)

Fixei-me no horizonte
À procura do infinito
E só a linha do horizonte
Apareceu-me no infinito!

Procurei no escuro do firmamento
A mais bela e distante estrela;
Escondida no escuro do firmamento
Estava a mais bela e distante estrela!

Contemplei, do deserto, a miragem
Com a esperança de olhos cansados.
Eclipsou-se, porém, do deserto a miragem
Para a tristeza dos olhos cansados.

Esperei as ilusões de um lindo sonho
No meu sono tranquilo e profundo;
Recusou-me ilusões o lindo sonho
Do meu sono tranquilo e profundo!

Busquei, no âmago do pensamento,
As alegrias e venturas do passado;
Nada havia no âmago do pensamento --
Nem alegrias e venturas no passado.

Ofereci a mão da amizade
Ao amigo de longos anos;
Estendida ficou a mão da amizade
Sem a do amigo de longos anos!

Procurei na gota de orvalho
A lágrima que me falta.
Desmanchou-se a gota de orvalho
E a lágrima inda me falta.

2.12.07

Barbudo amado, muita saudade... tem dia que é só mesmo respirar fundo e suportar. Ainda bem que existe a poesia em toda a parte, mesmo longe de você. Beijos



27.11.07

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Assim é



Assim é Alceu. Bicho maluco beleza, poesia encarnada, barroco nordestino dentro do blues. O grande poeta da música brasileira, o capetinha no palco que faz esta mulher de meia idade aqui ter vontade de dar cabriolas junto com ele. Explosão de emoção, o músico com as maiores asas de borboleta que eu conheço. E ele SABE usá-las para voar e nos fazer voar com ele.

Pois ele também sabe das emoções mais sombrias, daquilo que faz nosso coração gemer angustiado. Ele sabe da solidão que devora as horas, ele sabe do cansaço e da falta de cio do amor quando acaba. Ele sabe das farpas do amor que machuca.

A questão é: HÁ quem valha metade de mim? Há quem valha metade de mim! Há quem valha metade de mim. Há quem valha metade de mim... Metade... eu sem ele, ele sem mim...

Mas metade de mim é muito pouco quando estou triste assim.


Amor covarde
(Alceu Valença)

Amor covarde, que morde, que arde
A minha amada é metade de mim
A madrugada se arrasta, tão lenta assim
Dor...dor...dor...dor

Moça bonita, novilha tão rara
Não há quem valha metade de mim
Nascemos sós, só seremos serenos no fim

Amor covarde, que morde, que arde
A minha amada é metade de mim
E a madrugada se arrasta, tão lenta assim
Dor...dor...dor...dor

Moça bonita, novilha tão rara
Não há quem valha metade de mim
A dor do amor, navalhada que arde assim
Dor...dor...dor...dor

Estrela d´alva, pedaço de lua
A pele nua, cheirando a jasmim
Boca cereja, bandeja de prata, do-in
Dor...dor...dor...

Moça bonita, novilha tão rara
Não há quem valha metade de mim
Nascemos sós, só seremos serenos no fim

16.11.07

Indo embora

Minha estada no cerrado foi doce e amarga, como sempre, porque há todo dia a consciência de que terei de partir. Hoje, o que ficava no fundo da consciência como uma leve dor de cabeça - aquela que conseguimos ignorar a maior parte do tempo - explodiu em dor aguda e insuportável. O que era daqui a uns dias virou hoje. É dia de partir, é dia de doer o coração.

Como Deus nunca me abandona, meu querido e antigo amigo blogueiro Marcos (olá, querido, saudades!) me presenteou nos comentários com uma poesia de Alberto Caeiro que funcionou como um verdadeiro analgésico da alma. Obrigada, querido, o poema é tão lindo que resolvi repeti-lo no post de hoje:

O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.

Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.

Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.


Meu homem-ipê, esta árvore alta que vira menino encabulado quando estou perto, até logo. Que o logo seja realmente logo mas, se não for, saiba que o levo verdadeiramente comigo, você está entronizado dentro do meu coração de tal forma que onde eu estiver, lá estará você. Que Deus permita que eu seja seu girassol agora e para todo o sempre.

Lá vem a solidão desacompanhada do Rio de Janeiro. Que eu tenha forças para suportar.

14.11.07

Promessas e Comprometimentos

Nossos encontros e a maneira que eu penso nele quando não está comigo são tão pontuados por música que eu estou, literalmente, montando um CD com as MP3 todas, descobrindo não muito surpresa que já passaram de noventa músicas... Algumas delas são tão cardinais das direções que meu carinho por ele se desenvolve que eu acabo postando aqui.

Pois eis que chegou a hora de fazer promessas, de estabelecer parâmetros, de dar os passos para o lado e para trás para que seja possível andar para frente em compasso. Sei que ele, do seu jeito silencioso, está o tempo todo medindo e pensando. Sei que tem medo da distância física, dos problemas todos, do passado de um e de outro.

Amado, que dizer? Você já sabe o quanto eu te quero...
Quer tempo? eu espero.
Quer silêncio? eu calo.
Quer pisar no freio? eu desacelero.
Quer saber se eu me adapto? a quase tudo.
Quer pensar na melhor forma de seguir? Que tal juntos?


Ah, sabe que mais? Uma música, mais uma vez, já disse tudo.


Dia Branco
Geraldo Azevedo / Renato Rocha

Se você vier
Pro que der e vier
Comigo...

Eu te prometo o sol,
Se hoje o sol sair,
Ou a chuva...
Se a chuva cair.

Se você vier,
Até onde a gente chegar,
Numa praça na beira do mar,
Um pedaço de qualquer lugar...

Nesse dia branco,
Se branco ele for,
Esse tanto, esse canto de amor
Oh! oh! oh!...

Se você quiser e vier
Pro que der e vier
Comigo...

Se você vier
Pro que der e vier
Comigo...

Te prometo o sol,
Se hoje o sol sair,
Ou a chuva...
Se a chuva cair.

Se você vier,
Até onde a gente chegar,
Numa praça na beira do mar,
Num pedaço de qualquer lugar...

Nesse dia branco,
Se branco ele for,
Esse tanto, esse tonto,
Esse tão grande amor,
Grande amor...

Se você quiser e vier
Pro que der e vier
Comigo...

9.11.07

A Chuva

Aqui no planalto não chove como no Rio. No Rio, a chuva chega ameaçadora, trazendo medo, com nuvens pesadas e escuras que chegam para ficar dias. A chuva aqui é como uma oferenda, como uma entrega amorosa. Devagarinho algumas nuvens vêm chegando lá de longe, se juntam numa lenta procissão umas às outras, os pingos começam a cair lentos e espaçados, quase o preâmbulo de uma cerimônia solene.

Em alguns minutos muda o andamento da cerimônia: cai um aguaceiro feroz, o vento forte faz as copas das mangueiras chacoalharem como de alegria, a água na calha, correndo pela corrente que a guia para o chão, faz uma cantoria pontuada pelos trovões graves e longos que rolam as nuvens adiante. Porque adiante as nuvens andam, e logo não há mais chuva, só o frescor e a alegria deixada pela sua passagem.

Em meia hora a festa se encerra, e a única testemunha do meu encanto é um pardal solitário, que veio tomar banho de chuva no gramado dos fundos da casa, amigo ocasional que logo levanta vôo para se juntar aos outros pássaros que comemoram a visita da chuva no alto do céu.

8.11.07

Guardiães do Cerrado

Já choveu aqui umas poucas vezes desde a última visita. A grama agora está verde, as copas das árvores cheias de folhas novas e brilhantes. Os pássaros planam como a brincar no ar seco e limpo da poeira. As nuvens desfilam lentamente por este céu imenso, ainda indecisas se vão partir ou ficar.

Este céu, este céu... ele e as árvores retorcidas e inclinadas do cerrado, sempre parecendo marchar juntas numa mesma direção, são os guardiães desta terra cheia de contrastes. São eles também os guardiães do meu sentimento, tão grande, tão grande, imenso como o céu de Brasília, passeando tranquilo pelo meu coração como as fofas e brancas nuvens voando altas acima da minha cabeça.

Estou tranquila, o coração explodindo em flor. Em flor roxa de ipê. Isso tudo que estou sentindo acho que só posso chamar de plenitude. Plena de mim, plena da presença dele, plena do céu do planalto. Plenamente feliz.

21.10.07

Coroa de flores de ipê

Meu lindo minerin-candango, você vive longe de mim, não posso estar sempre que quero olhando fundo nos seus olhos. Eles estão, entretanto, dentro de mim; toda vez que fecho os meus olhos é para ter você me fitando dentro da minha retina, com suas duas fundas piscinas escuras, de águas limpas como os lagos subterräneos de algumas cavernas.

Entendo, entendo tudo que vocë não pode dizer. Quanto ao que gostaria de dizer, bem, o charmoso Jorge Aragão já falou por mim em sua cantoria mansa. Então tem recado dele para você.

Lucidez

Por favor!
Não me olhe assim
Se não for
Por viver só prá mim...

Aliás!
Se isso acontecer
Tanto faz
Já me fiz por merecer...

Mas cuidado não vá se entregar
Nosso caso não pode vazar
E tão bom se querer
Sem saber
Como vai terminar...

Onde a lucidez se aninhar
Pode deixar
Quando a solidão apertar
Olhe pro lado
Olhe pro lado
Eu estarei por lá...

19.10.07

Devaneios

Os homens nem sempre entendem porque é que as mulheres gostam tanto de se enfeitar, ou porque passam tanto tempo se vestindo, mesmo que seja para uma atividade normal, num dia comum.

Eu hoje pensei sobre isto algumas vezes, porque hoje eu quis me enfeitar. Mais que me enfeitar, quis ser uma Sue diferente, uma nova persona, só por causa de uma bata verde. Uma bata verde-bandeira, solta, leve, gostosa, que tomei emprestado de minha irmã. Essa peça de roupa hoje me levou a passear.

Juntas fomos longe, a um tempo distante, com hippies sentados na grama, cantando "Give Peace a Chance"... pois foi a esta bata que eu juntei uma calça confortável e gostosa que tenho, verde beeemmm clarinha, um colar com uma grande flor de metal dourado, um brinco de argolas e uma faixa de cabelo de crochê que eu mesma fiz, em uma linha cor de algodão cru com muitas e muitas folhinhas verdes penduradas. E lá fui eu para 1969, cheirando a flor de laranja, com uma flor no peito e com a cabeça cheia de folhas. Verde, toda verde.

Depois de pensar, acho que sei porque as mulheres gostam de se enfeitar... porque neste momento somos as bonecas de nós mesmas, e é neste momento mais que qualquer outro que ficamos livres para sonhar.

18.10.07

Algumas pessoas têm o dom da síntese. Eu, apesar de admirá-las, não sou e não gostaria de ser uma delas, porque adoro me alongar. O Camafunga, entretanto, tem este dom e o utiliza de forma magistral, como no seu post do dia 17, falando sobre sentimento.

Moço, que lindo, obrigada! Tomo a liberdade de reproduzir aqui:

Sobre o sentimento...

Não há letra que acompanhe porque não há musica que acalme.

Ontem percebi os pedaços de história no reboco envelhecido e as manchas nas paredes como marcas de memória, por isso não as havia pintado, por isso mantinha os descascados como prova de vida. Acho que este é mais um texto que não compartilho com quem de direito, nem sei se alguma vez foi compreendido os sentidos, norte para o tapete da sala, oeste para a luminária do quarto, afinal posição solar boa é a do plexo, agora, assim, janela alguma ilumina adequado, por mais que aberta, mesmo escancarada. Portanto, é chegada hora, nenhuma tinta mudaria a matiz do que se passa, nem massa renova tantas perdas acumuladas.

Casa nova, é necessário, e silêncio, pois não há letra que acompanhe, nem música que acalme.

4.10.07

Enchendo as lacunas

O meu amigo Evandro Ferreira é uma pessoa especial que a Internet me deu de presente. Nos conhecemos numa lista de comentários de um blog, imediatamente iniciando uma bela argumentação a respeito das nossas opiniões divergentes. O fato de não ter virado briga - porque Evandro é o Lorde Fofinho, querido, um gentleman que não briga nunca - acabou por nos tornar amigos, e o motivo da discusão se perdeu no pó da estrada.

Outro dia eu atualizei meus links da coluna da direita do Asa, e redescobri a alegria de ler os textos do Evandro. Passei a assessar os blogs dele regularmente, no ritmo que minha atual vida alucinada me permite. Ontem, portanto, achei o post "Coisa mais linda do mundo", linkado no post logo aí embaixo. Como é uma declaração de amor com conteúdo, de verdade, me emocionou muito.

Deixei um comentário falando o quanto era bonito ver este amor, mas pedindo a ele que não me fizesse chorar. O querido me pediu desculpas, e tivemos uma MARAVILHOSA troca de e-mails ontem de noite, que tenho certeza aliviou meu trabalho noturno e o dele. O Evandro postou o e-mail dele no post Para uma borboleta e me senti na obrigação de preencher as lacunas, colocando meu e-mail anterior no Asa:

"Querido,

Uma cachoeira não se desculpa por espirrar água linda, ruidosa e abundantemente sobre os visitantes, uma rosa nem esquenta de espetar os dedos dos seus admiradores mais audaciosos. Você não precisa se desculpar por ser lindo, meu amigo.

Mas que eu chorei, chorei. Choro agridoce de beleza misturado com tristeza.

Comecei pensando que você é um afortunado de ter encontrado um amor assim, mas eu estava errada e eu mesma me corrigi: este amor lindo assim vem de dentro de você, já estava aí, a Henrie o merecia e então o encontrou, e veça-virse. Vocês dois são de uma lindeza que deixa a gente embargada...

Depois eu pensei em tudo e o tanto que já perdi na vida, no tanto que minha mão amiga já levou tapas pela internet, o tanto que eu procuro um homem que aceite meu amor, sem encontrar (me pergunto se eu mereço ter um amor assim...) e aí fiquei bem triste.

Foi então que eu lembrei que você e a Henrie e a Melinda fazem parte de minha vida, e isso me consolou.

Ainda estou com o coração apertado, mas não choro mais.

Amo muito você, acho que nunca disse isso com todas as letras, mas é verdade."

Pois é isso que é amor, que é amizade, queridos amigos do Asa, é sentir o outro como um presente, "a energia que faz nosso coração mais feliz" como meu amigo Evandro escreveu. É saber que a distância dói, mas doeria mais a ausência da pessoa amiga em nossas vidas. É aceitar o outro inteiro, mais que isto, sentir de verdade que o outro não poderia ser diferente do que é, que está certinho do jeito que está.

Por isso é que eu acho que tanto eu quanto ele, primeiro em separado e depois conversando juntos por e-mail, decidimos tornar estas mensagens públicas: porque queremos que as pessoas vejam e saibam que no meio desta tumultuada corrente de gente que passa e some sem deixar rastro, gente que usa e abusa, gente que não liga, encontramos um AMIGO.

É uma coisa muito preciosa.

3.10.07

Redescobrindo Evandro

Houve uma época em que nos falávamos sempre pelo telefone, às vezes horas. Nestas conversas consertamos o mundo e montamos o Outonos. Desde então, muita coisa na nossa vida mudou, mas o amor e a admiração que eu sinto por ele só fazem aumentar.

Eu nâo vou falar mais nada não, vão vocês e descubram porque estou aqui enxugando lágrimas e sorrindo e morrendo de vontade de dar um abraço nele.

30.9.07

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O Andar da carruagem



Há mais de três anos eu o convidei para dançar, antes que ele estivesse preparado para dizer sim, e a dança não aconteceu. Deixei-o livre, ele retornou à minha vida meses atrás, diferente. Mais próximo de um outro jeito. A dança continuou sem acontecer. Continuei a deixá-lo livre, bicho solto que é.

Hoje me despedi dele mais uma vez, numa cidade mais perto do céu que a minha. Hoje - e eu digo isto feliz e tranquila - sou a "menina sua amiga", e pretendo usufruir o quanto puder deste amor que não vai embora que é a amizade. Deixando-o livre, sempre, cada vez mais livre - e mais confortável, espero.

Só que a música continua tocando em meu coração, meu amigo. Algum dia vamos fazer juz a ela e finalmente dançar? Ainda acho que vai ser uma coisa linda para lembrarmos (e lembrar-mo-nos), tanto quanto tem sido lindo imaginar.

E, hoje, este é o andar da carruagem.

11.9.07

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Explosão de Alma



Assim é o Ipê: na seca, guarda todas as suas reservas, diminui o tamanho da sua copa folhada, se acomoda para a longa espera da chuva. Resiste o máximo que pode, mas como neste Planalto Central a chuva parece que nunca vai chegar, o Ipê finalmente explode. Explode em flor.

A vitória do Ipê sobre a rudeza do clima colore toda a cidade de Brasília de roxo, amarelo e branco. O chão fica todo salpicado de cor, a festa para os olhos é completa.

Pois tem gente que é como o Ipê. Quando os problemas parecem que vão os soterrar, explodem em uma beleza de alma que ilumina todos à sua volta. Eu mesma conheço um homem assim, um homem Ipê-Roxo, que resiste às condições emocionais mais áridas e ainda acha meios de ajudar e prestar socorro a quem o procurar.

Ah, meu mineirin-candango de alma em flor, que posso dizer de você? Esse seu olhar profundo como as raízes das árvores do cerrado por certo que me acende inteira por dentro. É muito claro para mim que não há riqueza no mundo que valha um sorriso seu. Sempre me surpreendo com a alegria intensa que sinto com o mero fato de sentar a seu lado e segurar sua mão, é uma alegria como poucas vezes senti.

Não posso e não devo dizer muito mais que isto, mas antes de encerrar este post devo confessar: barbudo querido, mais além de te amar, te admiro cada vez mais. Volto para o Rio com o coração pleno de muitas coisas e espero que, até que possamos nos ver novamente, cuide bem de si.

22.8.07

Acalanto à distância

Dorme, mente cansada.
Dorme, corpo dolorido.
Descansa, voz triste.

Sente na pele o beijo da asa da borboleta.
Sente no sono a minha presença amorosa.
Sente na alma o meu aconchego.

Tudo que eu tenho de bom é seu.
Presenteio sua tristeza com minha esperança.
Hoje não me importa a pontada de saudade que sinto da sua voz.
Não me importa que meu sono seja sonho de você.
Não importa o desejo negado e o sentimento entalado.
Não me importa o que eu gostaria que fosse.

Tudo isto fica eclipsado pela tristeza que eu sinto em você,
Tristeza que eu desejava de alguma forma diminuir.

Dorme, querido, o colo é seu, sempre.
Encosta confiante a cabeça pesada no meu peito...
Dorme.

7.8.07

Post de Aniversário

Há cinco anos atrás, completos hoje, criei esta borboleta virtual. Hoje em dia, muitas pessoas me conhecem como a Borboleta. Ao longo destes anos, me perguntei e me perguntaram porque. Porque a borboleta, de onde vem?

Certamente que algumas pessoas gostam de associar a borboleta à futilidade, à busca pela beleza superficial, aos sentimentos fáceis. O brilho colorido das asas de borboleta disfarçam, para estas pessoas, o significado mais profundo da sua existência. Hoje, ao acordar, tive alguns insights sobre o que é esta borboleta online para mim, o que é que há dentro de mim que acabou por me transformar em uma mulher-borboleta. Neste aniversário de cinco anos do Asa - e amanhã já começa o sexto ano de existência! - queria dividir com meus amigos alguns destes pensamentos:

- Esta borboleta online existe como reflexo da minha crença profunda de que não há miséria, sofrimento, degradação ou dor que sejam grandes o suficiente para empanar a beleza da alma humana; o Asa celebra esta beleza;

- Esta borboleta procura espalhar na web a certeza de que a vida é bela, que mesmo que a morte e o casulo façam parte desta vida, isto só faz com que eles sejam também belos; não há alegria sem uma ponta de tristeza, mas também não há tristeza sem uma ponta de alegria; o Asa busca esta alegria, e tenta entender e sobreviver à tristeza;

- Saber desta alegria me torna borboleta, porque me faz ser capaz de sorrir, mesmo nos momentos tristes, mesmo entre lágrimas;

- Sou borboleta porque tive pais com asas de borboleta; eles me ensinaram a ver a essência, não a aparência; me deram senso de justiça e de retidão; me deram muito, muito amor, e a alegria profunda de me saber querida e aceita, com falhas e acertos; meus pais me ensinaram a enxergar minha própria beleza que vem de debaixo da pele; a última coisa que minha mãe me disse, de profundamente pessoal, antes de mergulhar no sono comatoso que se transformou dias depois no seu sono eterno foi, com um olhar embevecido, "filha, como você é linda..."; da mesma forma, o último gesto consciente de meu pai foi um apertar de mão e um silencioso beijo lançado da maca da ambulância, com um sorriso tão amoroso no olhar que até hoje me enche os olhos de lágrimas ao lembrar; para eles e em honra deles, procuro ser sempre o melhor que puder; meus pais me deram asas de borboleta;

Então, é para isso tudo e por isso tudo que o Asa celebra hoje seu aniversário. Por isso e pelas pessoas maravilhosamente diversas que ele me trouxe e me traz. Todos, todos os que ficaram e todos os que partiram, todos me fizeram melhor, de alguma forma. A vocês todos o meu amor e o meu respeito.

Para mim e para o Asa de Borboleta, feliz aniversário!

15.7.07

Carta-compromisso

Tanto, tanto, tanto que eu falei, e só o que ficou foi mágoa.
Tanto, tanto, tanto que eu fiz, e só o que ficou foi falta.
Tanto, tanto, tanto assegurei, e só o que ficou foi incerteza.
Não fui capaz de fazer você crer, eu que creio tanto.

A conclusão a que chego é que você, como quase todo mundo hoje em dia, jogou para longe e se recusa a abraçar tudo aquilo em que acredito. Eu até entendo o porquê, afinal é mesmo difícil resistir à pressão de uma sociedade inteira.

Mais fácil é ser descrente, desconfiado, erguer barreiras – afinal, não dá para dizer que as minhas defesas são resultado de mero descontrole emocional meu, já que são reação a tudo que passamos juntos; você ajudou a criar a Sue que hoje desconhece –, mais fácil é achar que a vida é assim mesmo, e se armar.

Só que NISSO eu não acredito.


Um Amor Infinito
Pedro Ayres Magalhães (Madredeus)

Dizem que
Um Amor Infinito
Já não há
Porque não pode ser
Que um Amor
Se Divino
Já não há
Nem se vai conhecer
- E eu não acredito...
- Não sei como eu não acredito...
- E peço para ver
- Eu só peço para ver
- Ainda peço para ver
Um Amor Infinito
Já não há
É impossível haver
Dizem
Que um Amor
Consentido
Já não há
Nem se pode entender
- E eu não acredito...
- Não sei como eu não acredito
- E peço para ver...
- Eu só peço para ver
- Ainda peço para ver
Dizem que
Um Amor Infinito
Já não há
Nem há tempo a perder
Que um Amor
Um Princípio
Já não há
Nem há nada a dizer
- E eu não acredito...
- Não sei como eu não acredito
- E peço para ver...
- Eu só peço para ver
- Ainda peço para ver

12.7.07

Desde ontem a cidade do Rio de Janeiro chora, comigo e como eu: um transbordar de dor lento, transformado em lágrimas e chuva. Um choro que escorre por rosto e vidraças numa expressão de sofrido cansaço. A cidade provavelmente chora por mais esta provação a que está sujeita durante estes próximos quinze dias, pobre urbe - abusada há anos pelo crime e descaso, e agora pelo delírio esportivo. Eu choro porque percebi que estou de repente envelhecida.

Sim, talvez envelhecer seja esta sensação ruim de que a vida nos está deixando para trás, as energias se esvaindo sem reposição, o sentido da vida esquecido em alguma curva da estrada. Dói esta percepção de se continua vivendo de teimoso, por força do hábito, sempre com medo que o próximo golpe, a próxima perda, a próxima decepção sejam finalmente a gota d'água. Logo ali, talvez, esteja finalmente a facada que vai nos fazer entregar os pontos.

O Rio tem um coração de floresta que pode ajudar na sua recuperação, no caso dos seus habitantes resolverem que é hora de voltar a viver. O meu coração bate hesitante, pára-não-pára, como se a bateria estivesse por acabar. Bonequinho de corda com os movimentos bruscos neste tenta mexer e não tem forças.

Eu me pergunto se tento fazer ele voltar a bater forte como há bem pouco tempo batia. A solução seja talvez um dia de fúria que bote abaixo tudo que existe agora para que o recomeço venha. Em outros momentos me pergunto se devo me espelhar na sabedoria dos elefantes - que sabem quando não é mais hora de tentar, sabem quando estão velhos, obsoletos, e é hora de buscar um lugar isolado para deitar e morrer.

Estou no limbo entre o esforço da busca de novos laços amorosos e da sedução do canto de sereia do esquecimento eterno, que chama por mim. Dormir, talvez sonhar, diria Hamlet. Ele também guiado pelo fantasma de seu pai. Eu a me perguntar se sua loucura e sua morte são meu destino compartilhado.

O, sweet oblivion, why tempt me so?

4.7.07

Queridos

O mês de junho foi um mês de trabalho pesado e de muita meditação.
A vida mudou muito, mais uma das muitas metamorfoses por que passamos.

De tudo que passei nos últimos anos, segue resumo abaixo:


Aquilo que sinto, mostro. Daquilo que faço, raramente me arrependo.
Do que não faço, e acho que devo fazer,
vem este sentimento de urgência.
Da vida sei que só levamos o que sentimos.
Seja amor, seja ódio e amargor.
Não pretendo encontrar meus pais e ancestrais, na Eternidade,
sentindo ódio e rancor.
Não pretendo esquecer nunca de dizer que amo, porque é verdade.
Eu amo.
É a minha bênção e a minha sina,
e é meu presente para quem quiser dele fazer uso.


Que a Vida seja amena e gentil;
quando não for, que sejamos nós assim em nosso coração.


Beijo de Borboleta em cada um