29.6.08
Chegou a Hora
Se vocês estiveram no Asa desde sexta-feira descobriram que ALGO aconteceu com o layout do blog. O que aconteceu foi que meu site no kit.net - onde eu hospedava os templates - foi obliterado por uma empresa americana que tomou o site de alguma forma das mãos da globo.com...
Bem, pensamos por aqui e decidimos que já era a hora de partir. Não da Net, mas do blogger. Esta coisa de hospedar o template aqui, os textos lá, ficar dependendo da boa vontade e do profissionalismo de gente que não está NEM AÍ se os meus amigos de longe vão ficar preocupados com o meu sumiço. Não sumi, nada aconteceu de mal. Estou crescendo, as asas ficando maiores.
Aqueles que quiserem continuar lendo a Sue, procurem pelo Asa de Borboleta no seu endereço novo. Como toda mudança, não reparem se a casa está ainda um pouco bagunçada, devagarinho vai voltar tudo como era antes, até melhor que antes, com novidades.
Beijos enormes em todos, beijos alados para a Analuka! Venham me visitar na casa nova!
25.6.08
Acordar de manhãzinha.
Suspirar fundo e levantar o corpo já cansado da cama.
Olhar pela janela o céu cinza-chumbo que deixa o Rio com cara de Sampa.
Sair no meio do frio e da garoa incessante. Fazer a hidroginástica.
Tomar banho na academia. Arrumar a roupa e o cabelo.
Correr para o trabalho. Apagar todos os incêndios.
Andar, falar, escrever, tentar não pensar muito.
Vestir a camisa da empresa("afinal ela é sua").
Manter minha postura acadêmica.
Grudar um sorriso no rosto.
Marcar o dentista.
Despachante.
Advogado.
Contador.
Esforço.
Luta.
Eu.
Enquanto faço tudo que esperam de mim, em silêncio, no meio da tempestade, espero aquele momento mais precioso que toda a rotina: espero que ela chegue, a sua presença inesperada.
5.11.07
Todos somos diferentes. Parece óbvio, mas não é. Tudo aquilo que torna aparentemente semelhantes os indivíduos dos diversos grupos a que pertencemos são semelhanças superficiais. Debaixo do verniz somos todos muito diversos, cada um é em si mesmo um mundo de coisas, e muitas vezes morremos sem explorá-las.
Eu tenho esta curiosidade quase felina a respeito das diferenças. Eu não apenas respeito, eu admiro e reverencio aquilo que torna meu outro diferente de mim. Não sou Narciso e não preciso de um reflexo de mim. Quero um mundo diferente para explorar, quero que este outro percorra o meu universo e me mostre com seu olhar diferente coisas a meu respeito que eu nunca tinha percebido antes.
Eu, que sou menina de apartamento, nunca aprendi a subir em árvores. Hoje sonho com um descampado onde só existe um monumental ipê-roxo, de tronco forte e largo, todo florido, para que eu possa escalar. Espero, de alguma forma, do meu jeito dengoso e meio inocente de gente de estufa, que eu traga a este terreno inóspito do cerrado uma suavidade que ele nunca conheceu.
Brasília me espera. Amado, estou chegando.
16.10.07
Logo depois de realizar a mudança que descrevo abaixo, percebi que a caixa de comentários estava bloqueada de vez, que havia uma notificação aos donos de guestbook. Lendo, descobri que ele JÁ FOI descontinuado. Ainda tenho uns dias para cuidar de sua transferência para outro local.
Estou vendo isso, mãos à obra com a caixa de comentários nova!
Queridos,
Estive tendo problemas com o Guestbook alemão que uso há alguns anos. É uma pena, mas acho que eles estão chegando no limite de volume de trabalho que conseguem executar. O resultado é que vou habilitar os comentários do Blogger, já que nestes anos que se passaram eles aprenderam que comentário tem de ter moderador. :)
O Guestbook não vai ser desativado, de forma alguma. Existem mensagens lá que são verdadeiras obras de amor e arte, de muitas pessoas que amo e admiro. Se quiserem continuar comentando lá, fiquem à vontade. Se quiserem estrear os comentários novos, ótimo.
Para todos, o meu beijo.
7.9.07
Se eu fosse escrever tudo que me aconteceu e tudo que senti esta semana, este post ficaria desconexo e muito denso. Fui fazendo, nos ônibus que me levavam, um de Brasília a Goiânia e outro de volta a Brasília, umas poesias de minuto, uns versinhos pernetas que espero me ajudem a expressar minimamente tudo o que eu vou deixar pendurado nas entrelinhas.
Ventania
Quem já encontrou Cristiana
Sabe bem que ela não engana
Conhece sua gargalhada profana
Sorriso rápido, cigarro aceso,
Cabelo solto, cabelo preso
Corre e senta, sobe e desce
Parece que nunca amadurece
Dela a gente nunca esquece!
Fofura
Soriso doce de amigo para toda vida
Olhar inteligente e amoroso de poeta
Voz calma e alegre de menino
Caminha nesta vida sem destino
Porque seu destino, menino, é a Vida
É vagar por este mundo, quem diria,
De mãos dadas, em eterna harmonia
Com a mais bela namorada
E a cachorrinha mais amada!
O nome da Rosa
A gentileza é doce e macia, mas não tem pétalas tão delicadas
A amizade é rica, mas não tem cores tão belas
O carinho é um sentimento quente, mas sem tantos rubros matizes
Ela é como o desdobrar de vários lábios carmins, que me sorriem felizes
Qual é, afinal, o nome desta rosa, que ganhei da amiga deusa?
Será Maria, será Carmem, será Edileusa?
Que amorizade tão grande se desdobra em tanta beleza?
Zig-Zag
A vida me faz ir para lá
Ele vai imediatamente para cá
Eu falo, ele não consegue ouvir
Eu amo, ele não tem como retribuir
Alguma hora, entretanto,
Num breve e doce intervalo
Haverá algum encontro?
Finalmente me regalo?
5.9.07
Tenho estado estes dias chafurdando numa felicidade calma, que para ser completa precisa apenas tirar a tristeza de um coração especial, que mais que os outros desperta meu amor, meu carinho, minha amizade. Enquanto a felicidade não é completa, digo que ela é doce. Uma agridoce espera, amado.
Estou muito feliz com os comentários dos novos e antigos visitantes do Asa, especialmente encantada com a graciosa mensagem-poema do Marcio Estanqueiro. Amigos, novos e velhos, vocês me fazem muito bem. Beijos a todos, sempre
7.8.07
Há cinco anos atrás, completos hoje, criei esta borboleta virtual. Hoje em dia, muitas pessoas me conhecem como a Borboleta. Ao longo destes anos, me perguntei e me perguntaram porque. Porque a borboleta, de onde vem?
Certamente que algumas pessoas gostam de associar a borboleta à futilidade, à busca pela beleza superficial, aos sentimentos fáceis. O brilho colorido das asas de borboleta disfarçam, para estas pessoas, o significado mais profundo da sua existência. Hoje, ao acordar, tive alguns insights sobre o que é esta borboleta online para mim, o que é que há dentro de mim que acabou por me transformar em uma mulher-borboleta. Neste aniversário de cinco anos do Asa - e amanhã já começa o sexto ano de existência! - queria dividir com meus amigos alguns destes pensamentos:
- Esta borboleta online existe como reflexo da minha crença profunda de que não há miséria, sofrimento, degradação ou dor que sejam grandes o suficiente para empanar a beleza da alma humana; o Asa celebra esta beleza;
- Esta borboleta procura espalhar na web a certeza de que a vida é bela, que mesmo que a morte e o casulo façam parte desta vida, isto só faz com que eles sejam também belos; não há alegria sem uma ponta de tristeza, mas também não há tristeza sem uma ponta de alegria; o Asa busca esta alegria, e tenta entender e sobreviver à tristeza;
- Saber desta alegria me torna borboleta, porque me faz ser capaz de sorrir, mesmo nos momentos tristes, mesmo entre lágrimas;
- Sou borboleta porque tive pais com asas de borboleta; eles me ensinaram a ver a essência, não a aparência; me deram senso de justiça e de retidão; me deram muito, muito amor, e a alegria profunda de me saber querida e aceita, com falhas e acertos; meus pais me ensinaram a enxergar minha própria beleza que vem de debaixo da pele; a última coisa que minha mãe me disse, de profundamente pessoal, antes de mergulhar no sono comatoso que se transformou dias depois no seu sono eterno foi, com um olhar embevecido, "filha, como você é linda..."; da mesma forma, o último gesto consciente de meu pai foi um apertar de mão e um silencioso beijo lançado da maca da ambulância, com um sorriso tão amoroso no olhar que até hoje me enche os olhos de lágrimas ao lembrar; para eles e em honra deles, procuro ser sempre o melhor que puder; meus pais me deram asas de borboleta;
Então, é para isso tudo e por isso tudo que o Asa celebra hoje seu aniversário. Por isso e pelas pessoas maravilhosamente diversas que ele me trouxe e me traz. Todos, todos os que ficaram e todos os que partiram, todos me fizeram melhor, de alguma forma. A vocês todos o meu amor e o meu respeito.
Para mim e para o Asa de Borboleta, feliz aniversário!
3.8.07
4.7.07
O mês de junho foi um mês de trabalho pesado e de muita meditação.
A vida mudou muito, mais uma das muitas metamorfoses por que passamos.
De tudo que passei nos últimos anos, segue resumo abaixo:
Aquilo que sinto, mostro. Daquilo que faço, raramente me arrependo.
Do que não faço, e acho que devo fazer,
vem este sentimento de urgência.
Da vida sei que só levamos o que sentimos.
Seja amor, seja ódio e amargor.
Não pretendo encontrar meus pais e ancestrais, na Eternidade,
sentindo ódio e rancor.
Não pretendo esquecer nunca de dizer que amo, porque é verdade.
Eu amo.
É a minha bênção e a minha sina,
e é meu presente para quem quiser dele fazer uso.
Que a Vida seja amena e gentil;
quando não for, que sejamos nós assim em nosso coração.
Beijo de Borboleta em cada um
18.5.07
Os contos de fadas sempre têm uma princesa e um herói. Têm também objetos mágicos, figuras fantásticas, poderes especiais, lugares lindos, potes de ouro no fim do arco-íris, aventuras.
Pois aqui no Asa de Borboleta temos nossos contos de fadas, com direito a uma princesinha com muitos dotes, como toda princesinha deve ter: beleza, doçura, dons artísticos, alegria. Ela mora num lugar distante, como geralmente moram as princesas encantadas.
Deste lugar distante, ela mandou uma mensagem mágica para sua Titi Borboleta. Sua titi entendeu a mensagem e partiu para a ação. Dando continuidade ao conto de fadas, pediu a um herói de muitos talentos e de bom coração, como devem ser os heróis, que tomasse parte na aventura. Ele concordou, e o resultado temos aqui: um template mágico, que tem como poder o de fazer sorrir quem quer que o veja.
Princesinha Carolina, Titi Sue Borboleta ama muito você! E agora estamos juntas e felizes para sempre, aqui no Asa! Não é o melhor final para um conto de fadas?
Beijinho no seu nariz!
5.5.07
O Rio em Maio
O poeta pode gostar de Paris no outono, por seu amor estar por lá, mas certamente ele ficaria um tanto balançado na escolha de que cidade louvar se conhecesse o Rio de Janeiro em maio. É certo que as muitas mudanças climáticas - que os ambientalistas dizem sinalizar o perigoso descontrole da natureza causado pelo homem - causam uma falta de definição nas estações da cidade (que muitos dizer ter apenas duas: verão e inferno, risos).
Entretanto, há dias ainda em que o Rio se arruma para seduzir o olhar, como moça bonita se arruma para festa. Banha-se com a chuva de fim de tarde, limpa seu céu durante a madrugada para receber a lua cheia e acorda vestida com o verde brilhante das folhas recém-lavadas, coberta por um céu de um azul-claro faiscante, quase branco, envolta por uma luz dourada, cercada de mar. É bonita a moça, muito bonita; nestas horas a cidade até consegue esconder os maus-tratos que os habitantes insensíveis lhe inflingem.
Andando pela cidade nestes dias, sinto o coração leve e o espírito querendo alçar vôo para acompanhar as aves que pescam nas lagoas ou no mar. Dá vontade de sair andando por aí, passear pelo Centro, perambular pela Cinelândia, dar um pulo no MAM e pegar um ônibus até Copacabana, percorrer o calçadão vagarosamente até o Leblon. Dá energia, esta luz dourada do outono carioca, dá alegria e dá esperança.
E eu nem preciso dizer que as borboletas invadem a cidade, preciso? Afinal, as borboletas entendem de beleza, e como alguém me disse há pouco tempo, contemplar a beleza é bom.
Muito bom.
29.4.07
Porque as borboletas?
Eu tenho estado na Net faz quase oito anos. Durante parte deste tempo, fui apenas Sue. Há quase cinco anos, entretanto, uma pessoa maravilhosa, poeta talentoso, me deu de presente um poema de sua autoria, onde ele falava da borboleta que era como uma flor a tentar voltar para o galho de onde caíra. Este poema está na testeira da minha página de comentários.
Foi aí que cismei de pensar nas borboletas, neste símbolo de renascimento e transformação, como elas se transformam lentamente para fazer um breve vôo de beleza, se reproduzir e morrer, para que mais borboletas nasçam. Naquele dia decidi que as borboletas seriam parte da minha identidade. Eu agora sou, além de Sue, Borboleta.
Este é o lugar onde conto de onde vêm minhas Asas de Borboleta.
Esteja à vontade para explorar.
4.3.07
E mais uma vez cá estamos neste mês de março, que acumula suas dores, suas perdas, suas saudades àquelas que ainda estou digerindo, vindas do mês de janeiro. Nesta ocasião em que sou confrontada com tudo aquilo que me foi tirado, que me falta, torna-se necessário olhar com cuidado, ter à mão tudo que possuo ainda.
Ao longo dos cinco anos incompletos de existência deste meu cantinho na net muita coisa aconteceu... fiz parte de um grupo informal de blogueiros bastante especiais que, mesmo espalhados pelo mundo, juntos se negaram a ceder ao veneno travestido de religiosidade. Fui acusada de tanta coisa, de ter um blog de "menininha", com conteúdo pouco "literário". Fui chamada de muitos nomes, doces e ofensivos, ao mesmo tempo "minha borboleta de asas azuis" e "borboleta retardada".
Pessoas passaram pela minha vida e pelo meu coração. Algumas ficaram, outras partiram. Às que ficaram devoto meu mais profundo afeto; às que partiram - seja pelos braços inclementes da Morte, seja pelos movimentos inexoráveis da Vida - manifesto gratidão sincera por tudo aquilo de bom que deixaram comigo ao partir.
Entretanto, a morte recente de meu pai se transformou em um forte foco de luz que me obrigou a olhar tudo isto, parar e refletir. Afinal de contas para que, Pai Eterno, em nome de QUE escrevo neste local ainda, depois de tanto? Porque não deixar o Asa de Borboleta descansar em paz na Internet, como uma princesa encantada em sono profundo?
A explicação existe, mas é um pouco extensa. Quem já leu meus posts antigos sobre minha família sabe o que minha mãe - que já não está neste mundo há quase 21 anos - significou para mim na costrução da pessoa que sou. Já falei do imenso coração de D. Maria Helena, de seu sorriso iluminado, daquele abraço acolhedor que sempre buscava enlaçar o mundo inteiro. De meu pai falei menos, não por falta do que falar, mas por ainda estar construindo com ele um relacionamento, e por que ainda me perguntava o que dizer exatamente.
Agora esta dúvida não existe mais. Posso dizer, depois de muita meditação, que meu pai foi um homem de coração tão grande quanto o de minha mãe, talvez maior. Por força das diferentes situações de vida, dos caminhos trilhados, do papel social e moral que ele exercia como Pai e Provedor, seu coração teve de ser escondido e abrigado por trás de peito forte. Este peito aparou, ao longo de 76 anos, pancadas brutais, muitas vezes para impedir que estas pancadas atingissem sua família. Enquanto minha mãe era viva, ele buscava alívio em seus braços. Depois que ela partiu, ele se permitiu apenas a dignidade do silêncio.
Meu pai era um homem passional com o que acreditava, impaciente com a falta própria e alheia, quando percebia que podia-se ter feito melhor. Ele me ensinou que uma pessoa só pode manter a cabeça erguida sobre os ombros se agir de acordo com seu código pessoal de honra, sem nunca comprometer este código para agradar a outrem. Um amigo que jamais conheceu meu pai, numa conversa comigo, definiu este tipo de comportamento como sendo a atitude do "guerreiro impecável".
Pois meu pai tentou toda sua vida ser este Guerreiro Impecável, da mesma forma que minha mãe buscava ser a Mãe Amorosa. Apesar dos tropeços a que todo ser humano está fadado, por esta nossa natureza dual e imperfeita, agora que meus pais se foram posso encher o peito de orgulho e amor, dizendo a vocês com segurança e sem hesitação que ambos foram bem sucedidos em suas aspirações.
Então, é por isso que permaneço aqui, porque sou filha de meus pais. Defendo o que acredito, e eu acredito na Beleza, acredito na Poesia do dia-a-dia, acredito na Gentileza, acredito no Amor. Não é literatura que busco fazer aqui, apesar de saber que alguns posts bem podem ser considerados "literários". Eu busco aqui deixar sinais, pequenos e grandes da vida que desejo para mim e para todos que de mim desejem se aproximar.
O Asa é, portanto, um farol. O que espero deste farol é que ele me atraia muitas Borboletas Azuis, muitos Poetas do Amor e da Dor, muitos Cavaleiros de La Mancha, muitos Guerreiros Impecáveis, muita Mães Amorosas. Quero à minha volta pessoas que - como meu pai, como minha mãe - passem inteiros por este mundo, sem fazer parcerias com os valores dúbios que encontram pelo caminho. Gente diferente de mim, se for o caso, mas que nunca admita que o Mundo as force a ser o que não são. Por isso e para isso o Asa continua.
Falando ainda de meu pai, há uma canção famosa, de que ele muito gostava, que eu tenho escutado frequentemente. Esta música de certa forma o define, foi esta música que me ajudou a parar de chorar, a parar de tentar manter meu pai neste mundo e deixá-lo partir e seguir seu caminho. Esta música também me ajudou a escrever este longo post, e agora a compartilho com vocês. Senhoras e senhores, o grande Frank Sinatra:
And now the end is near
And so I face the final curtain
My friends, I'll say it clear
I'll state my case of which I'm certain.
I've lived a life that's full
I travelled each and every highway
And more, much more than this
I did it my way.
Regrets, I've had a few,
But then again, too few to mention
I did what I had to do
And saw it through without exception.
I planned each charted course
Each careful step along the byway
And more, much more than this
I did it my way.
Yes there were times, I'm sure you knew
When I bit off more than I could chew
But through it all when there was doubt
I ate it up and spit it out
I faced it all and I stood tall
And did it my way.
I've loved,
I've laughed and cried,
I've had my fill, my share of losing
And now, as tears subside
I find it all so amusing
To think I did all that
And may I say not in a shy way
Oh no, oh no not me
I did it my way.
For what is a man, what has he got?
If not himself, then he has naught
To say the things he truly feels
And not the words of one who kneels
The record shows, I took the blows
And did it my way.
20.12.05
Tenho estado ausente. Não ausente em espírito, simplesmente ocupada demais para sentar e escrever aqui algo que faça sentido escrever. Nunca fui de escrever no blog para cumprir agenda. Quando não tenho algo a dizer, simplesmente me calo, e meus leitores - os que ainda têm paciência de vir aqui espiar :) - sabem que têm três anos de histórias para reler e relembrar. Assunto é que não falta!
Hoje, no entanto, tive vontade de passar aqui para dizer que está tudo bem. O tratamento de radioterapia de meu pai já se encerrou, o de quimio está na reta final. Ele se recupera lentamente, tanto do tratamento (sofrido, tudo isso... tonteiras, quedas, febre, falta de apetite, mau humor...) quanto, parece, do câncer. Estamos otimistas. Não está tudo bem, entretanto, porque há a possibilidade concreta de uma sobrevida longa e tranquila para ele; está tudo bem porque eu achei dentro de mim um centro de serenidade que nunca havia descoberto antes. Isto significa que, o que quer que aconteça, estará sempre tudo bem.
Esta fé na minha serenidade interior, esta certeza na minha capacidade de lidar com o que a vida me apresentar, é uma conquista importante, e algo que gostaria de dividir com vocês neste Natal que se aproxima. Aconteça o que acontecer na vida de cada um de vocês, lutar, ranger os dentes, ter revolta ou dar margem a desespero não resolve NADA. NUNCA. Silenciar e escutar a voz do coração, a Voz do Alto no canto mais sossegado da sua mente, isto ajuda muito.
Não tenho capacidade poética ou inspiração divina para escrever um Magnificat, como fez a Virgem; mas, pedindo ao Pernalonga emprestado uma musica bonitinha e despretensiosa do R. Kelly, e agradecendo ao Magic Johnson o exemplo, eu digo piscando o olho: eu REALMENTE acredito que posso voar!
Beijo, amo vocês. Volto no Natal!
"I Believe I Can Fly
I used to think that I could not go on
And life was nothing but an awful song
But now I know the meaning of true love
I'm leaning on the everlasting arms
If I can see it, then I can do it
If I just believe it, there's nothing to it
I believe I can fly
I believe I can touch the sky
I think about it every night and day
Spread my wings and fly away
I believe I can soar
I see me running through that open door
I believe I can fly
I believe I can fly
I believe I can fly
See I was on the verge of breaking down
Sometimes silence can seem so loud
There are miracles in life I must achieve
But first I know it starts inside of me, oh
If I can see it, then I can do it
If I just believe it, there's nothing to it
Hey, if I just spread my wings
I can fly
I can fly
I can fly, hey
If I just spread my wings
I can fly"
27.8.05
Outras vezes, o sentido agudo da beleza-triste me faz borboleta. Uma borboleta toda negra, com um único pingo de cor intensa, carmim, como um grito de alerta. Nestes dias eu me quedo silenciosa e cheia de presságios. Nestas vezes tenho de ser uma borboleta meia-noite.
Vez ou outra, é a poesia que me torna borboleta. Vez ou outra, a borboleta azul invade a alma como se pousasse numa flor, num lento abre-fecha-abre de grandes asas transparente-aveludadas. É imperioso que - vez ou outra - eu seja a borboleta que aparece de repente, num rasgo de sol da tarde, declamando poesia.
De vez em quando, ah, de vez em quando eu encontro você. Você me faz borboleta. Uma borboleta monarca, quente, laranja, absoluta em minha necessidade de resvalar minhas asas num suave beijo de pestanas pelo seu queixo moreno. Tangenciar num toque leve, leve, a linha do seu pescoço. Derreter e me pingar inteira em sua pele, cobrindo com meu vôo seu território. De vez em quando. Ahh... de vez em quando. Mesmo em pleno inverno. Mesmo no meio da madrugada. Sua presença me transforma numa rainha com asas de borboleta.
6.8.05
Que a vida dá muitas voltas é uma frase que, de tão repetida, virou um sinal para olharmos para cima e revirarmos os olhos em desespero. É, mas acontece que a vida dá muitas voltas mesmo. Um exemplo? Quando o Asa começou, em 2002, a Internet era uma variável ainda por conhecer para mim. Cometi muitos erros, passei por situações de uma gama variadíssima de humores, ganhei amigos para a vida toda, conheci pessoas que se perderam na poeira da estrada.
Agora, neste agosto em que o Asa completa seu terceiro ano de existência e inicia seu quarto ano online, eu me flagro, de forma surpreendente, resgatando um pedaço da minha vida que abandonei meio a contragosto aos 24 anos, e iniciando uma atividade profissional nova: a publicitária Assunção Medeiros se reuniu com o talentosíssimo designer, grande amigo e agora sócio Bruno Schweller, e desta paceria surgiu a Quimeras Design.
O filho novo absorveu a Borboleta, como todo recém-nascido, de forma que o Asa ficou um tanto abandonado por uns tempos, para minha tristeza. Mãe amorosa tem sempre amor suficiente para todos os filhos, e o abandono do meu casulo azul estava me causando dor. Como presente de aniversário, e um pedido de desculpas a meus leitores, uma cara nova. Aliás, mais de uma: aproveitando a deliciosa tecnologia das CSS - que nos dá a possibilidade de trocar os estilos da pagina sem trocar o conteúdo - durante as próximas semanas o Asa vai ganhar, a cada sábado, uma cara nova.
E o melhor de tudo: não, não vou ficar trocando de template a cada semana, e sim ADICIONANDO um template novo a cada sábado. Quero fazer pelo menos três em agosto, e meus leitores vão ter a partir de então a possibilidade de escolher a borboleta que mais os encanta, ou de borboletear livremente entre elas. E a Sue não vai mais sumir da sua casa virtual, mesmo que tenha outras casas virtuais para construir por aí.
Entrem, fiquem à vontade, e vamos construir mais um ano de lirismo neste espaço um tanto árido da Net.
Beijos azuis de aniversário!
17.8.04
Poemas de amor e dor
MEIO HOMEM INTEIRO
Meia selha
De lágrimas.
Meio copo
De água
Meia tigela
De sal
Meio homem
De mágoa.
Meio coração
Destroçado
Meia dor
A sofrer.
Meio ser
Enganado
Num homem
Inteiro a morrer.
Rogério 1974
1.2.04
A Borboleta e o Gato
Uma casa tinha um jardim. Não era uma casa comum, era grande, cor de capuccino e cheia de avanços e reentrâncias, como se a casa fosse uma lagarta dourada que rebolasse numa cama de veludo verde. O jardim era este veludo verde, salpicado de canteiros de flores e com um jasmineiro crescendo sobre uma treliça de madeira.
Na casa morava um gato angorá, sinuoso como a sua habitação, peludo e negro, brilhante como a prata recém-lustrada. Quando ele andava, seu rabo era o empinado estandarte a noite, e quem o visse tinha imediatamente vontade de enfiar os dedos em seus pêlos e senti-los afundar e sumir naquela maciez sedosa. Era, como todos os gatos, solene e eternamente consciente de sua dignidade, mas capaz de explodir no movimento e na brincadeira que prometia o brilho maroto do seu olhar.
Havia também uma borboleta que habitava as touceiras de flores do jardim. Ela conhecia bem este jardim, e voava por todo ele visitando cada pequeno botão. Era uma borboleta que amava cores, e frequentemente pousava no topo da treliça do jasmineiro e voltava seus olhos muito abertos para o jardim, absorvendo o verde claro e vivo das folhas novas, o rosa-suave do miolo do jasmim branco, o amarelo vivo dos narcisos, o vermelho intenso das gérberas, o verde escuro e denso das cercas-vivas.
Ela conhecia todas as nuances de todas as cores, mas nunca havia encontrado algo negro. Nem mesmo à noite, pois ela então fechava os olhos e sonhava com o sol. Até que, um dia, o gato saiu de casa e deitou-se no gramado para seu banho de sol. A borboleta, fascinada por aquela criatura tão diferente, aproximou-se voando para investigar.
"Ele é aveludado como as folhas da violeta", pensou ela, "e brilhante como os reflexos do sol na gota d'água, mas parece feito de sombra... como pode ser, uma sombra que reflete luz?" Assombrada, dirigiu-se àquela prodigio criatura:
- Você é feito de luz ou de sombra?
- De ambos -- respondeu o gato, igualmente assombrado -- e de que é feita você, que me parece o céu visto através de uma bolha de sabão?
- Não tenho certeza, mas acho que sou feita de flores, de céu e de sonho.
- Eu perdi contato com meus sonhos -- comentou o gato, chicoteando o rabo, estressado. Será que você veio para me mostrar onde eles estão?
A borboleta fitou o gato um longo instante em silêncio. Lentamente, cresceu uma vontade de pertencer àquela criatura de sombra e luz, negra como a noite e brilhante como um espelho d'água. Suavemente, pousou sobre o nariz do gato e bateu com suas asas em seus bigodes.
O gato fechou os olhos e ronronou, o que fez a borboleta estremecer por todo o corpo, e jogar sobre o rosto do gato o azul das suas asas. Eles assim ficaram por um tempo, e quando finalmente a borboleta levantou vôo de volta à sua casa no topo do jasmineiro, ela era céu azul de um lado e noite estrelada do outro, e o gato tinha o rosto de prata azulada, e seus olhos negros tinham ficado azuis.
Ambos partiram daquele encontro em busca de seus sonhos, renovados.
7.11.03
Borboletas e Flores
Tenho uma nova blogamiga. Sim, blogamiga, não é linda a expressão? Ganhei esta blogamiga de presente do Luis N, que mais uma vez me dá flores e alimento para a alma, e do meu querido João Fernandes do maravilhoso blog Fumaças. Aliás, já expressei aqui minha paixão pelos portugueses... os blogueiros de lá são fantásticos!
Bem, minha blogamiga chama-se Jacky, e é um doce de mulher, com paixão por flores. Ama tanto as flores quanto eu amo as borboletas, e pelo pouco que vi na entrevista que deu ao Ene Coisas, por motivos muito parecidos. Ela também prefere olhar para o lado mais bonito da vida, o lado que nos estimula a renascer a cada pequena morte da nossa existência por aqui.
Enquanto que eu busco na borboleta a imagem do renascimento, da coragem de enfrentar o casulo, vejo que a Jacky busca nas flores esta doação gratuita, esta oferta constante de beleza e consolo. As flores estão presentes nas maternidades e nos cemitérios, nos casamentos e em todos os outros dias especiais de nossas vidas. Elas precisam de muito pouco para dar muito em troca.
Perfume, beleza, alegria, paz, consolo, celebração, tudo isto representam as flores e tudo isto está lá no blog da Jacky. Benvinda, blogamiga!
P.S.: Obrigada pela correção, Luis N, blogamiga é mesmo melhor que blogomiga. Fica o post corrigido.
15.8.03
A Primeira Borboleta
Enquanto Deus finalizava sua criação, ajeitando o formato de uma folha aqui, colorindo melhor um pôr-de-sol ali, uma pequena e verde lagarta se encaminhou lentamente até seus pés e chamou....
- Senhor... ó meu Senhor...
Deus olhou espantado pra aquele ser tão pequenino, que o chamava com tanta urgência, e recolheu em sua mão a pequena lagarta, que tremia de emoção.
- Ora pequenina, o que foi?
- Senhor, eu tenho observado os seres da Tua criação, e dentre todos eu amo mais os que voam! Senhor, como deve ser maravilhoso poder pular daqui para lá pelo ar, sem precisar arrastar a barriga pelo chão, vagarosamente...
- Sim, minha lagartinha, é maravilhoso, mas eu te escolhi para ser minha pequena jardineira, revolver a terra em volta das plantinhas, oxigenar o solo. É preciso que tu te arrastes pelo chão.
- Sim, meu Criador, eu bem sei disto. Gosto de meu trabalho nesta Tua criação, gosto de ver as plantas que cuido crescerem fortes, principalmente as que têm flores! Amo as flores, como são lindas e delicadas... mas subir até elas cansa tanto... e tenho medo de cair... se eu tivesse asas, poderia beijar as flores como o colibri!
- Minha pequenina, queres ser um colibri?!
- Ah, não, Senhor, sei que sou apenas um inseto, um ser pequenino na ordem das coisas, mas queria de alguma forma expressar meu amor pelas flores e por voar...
Deus olhou a pequenina lagarta verde, sorriu enternecido e falou:
- Pequenina, se em teu coração surgiu este amor tão grande por estas duas coisas, saiba que fui Eu quem o colocou aí. Mas tens de saber que, para que Eu te dê asas, terás de transmutar tua alma de forma dolorosa, terás de virar seu corpo do avesso e modificá-lo. Terás de enfrentar o escuro e a solidão. Teu pequenino coração terá de ser muito forte. E, ainda assim, teus descendentes, como tu, antes de receber as asas também deverão fazer o seu quinhão de jardinagem e de arrastarem-se pelo solo. E passarão pela mesma dor.
- Senhor, dor maior é enxergar uma rosa perfeita de longe, lá no alto da roseira, e saber que está fora do meu alcance. Dor maior é ver os insetos do ar e os pássaros do céu, enquanto fico eu aqui, eternamente coberta pela terra. Senhor meu Deus e meu Criador, quero voar!
- Pois que assim seja, pequenina, fecha teus olhos...
A pequena lagarta fechou os olhos, toda ela tensa expectativa. Deus encapsulou a borboleta entre suas duas mãos, e falou, solene:
- Pois que seja este pequeno ser uma flor que voa!
Um clarão de luz surgiu dentre as mãos de Deus, e a pequena lagarta sentiu uma dor lancinante. Era tão grande esta dor, que nem conseguia gritar. Debatia-se toda, incapaz de parar, em convulsões. Não conseguia ver, no meio de toda aquela luz, e as costas começaram a pesar.... A dor! A dor! O clarão no olhos, a escuridão em todo o resto...
Quando parecia que a dor ficaria insuportável, Deus abre suas mãos e diz:
- Pronto, pequenina. Fostes valente, eis a tua recompensa.
E tão lindas eram as asas daquela primeira borboleta, que Deus, tomado de amor por aquele pequenino ser que tivera tamanha coragem, deixa cair duas límpidas lágrimas, que caem sobre cada nova asa, deixando uma trilha de respingos azulados. O novo ser, ainda espantado e confuso, permanece estático por alguns instantes, imóvel nas mãos de Deus. Mas só por alguns instantes, e então irrompe em vôo e num grito de alegria, deixando ao partir um rastro de faíscas azuis.
Desde então, todas as borboletas levam em suas asas a marca das lágrimas de Deus.