21.10.07

Coroa de flores de ipê

Meu lindo minerin-candango, você vive longe de mim, não posso estar sempre que quero olhando fundo nos seus olhos. Eles estão, entretanto, dentro de mim; toda vez que fecho os meus olhos é para ter você me fitando dentro da minha retina, com suas duas fundas piscinas escuras, de águas limpas como os lagos subterräneos de algumas cavernas.

Entendo, entendo tudo que vocë não pode dizer. Quanto ao que gostaria de dizer, bem, o charmoso Jorge Aragão já falou por mim em sua cantoria mansa. Então tem recado dele para você.

Lucidez

Por favor!
Não me olhe assim
Se não for
Por viver só prá mim...

Aliás!
Se isso acontecer
Tanto faz
Já me fiz por merecer...

Mas cuidado não vá se entregar
Nosso caso não pode vazar
E tão bom se querer
Sem saber
Como vai terminar...

Onde a lucidez se aninhar
Pode deixar
Quando a solidão apertar
Olhe pro lado
Olhe pro lado
Eu estarei por lá...

19.10.07

Devaneios

Os homens nem sempre entendem porque é que as mulheres gostam tanto de se enfeitar, ou porque passam tanto tempo se vestindo, mesmo que seja para uma atividade normal, num dia comum.

Eu hoje pensei sobre isto algumas vezes, porque hoje eu quis me enfeitar. Mais que me enfeitar, quis ser uma Sue diferente, uma nova persona, só por causa de uma bata verde. Uma bata verde-bandeira, solta, leve, gostosa, que tomei emprestado de minha irmã. Essa peça de roupa hoje me levou a passear.

Juntas fomos longe, a um tempo distante, com hippies sentados na grama, cantando "Give Peace a Chance"... pois foi a esta bata que eu juntei uma calça confortável e gostosa que tenho, verde beeemmm clarinha, um colar com uma grande flor de metal dourado, um brinco de argolas e uma faixa de cabelo de crochê que eu mesma fiz, em uma linha cor de algodão cru com muitas e muitas folhinhas verdes penduradas. E lá fui eu para 1969, cheirando a flor de laranja, com uma flor no peito e com a cabeça cheia de folhas. Verde, toda verde.

Depois de pensar, acho que sei porque as mulheres gostam de se enfeitar... porque neste momento somos as bonecas de nós mesmas, e é neste momento mais que qualquer outro que ficamos livres para sonhar.

18.10.07

Algumas pessoas têm o dom da síntese. Eu, apesar de admirá-las, não sou e não gostaria de ser uma delas, porque adoro me alongar. O Camafunga, entretanto, tem este dom e o utiliza de forma magistral, como no seu post do dia 17, falando sobre sentimento.

Moço, que lindo, obrigada! Tomo a liberdade de reproduzir aqui:

Sobre o sentimento...

Não há letra que acompanhe porque não há musica que acalme.

Ontem percebi os pedaços de história no reboco envelhecido e as manchas nas paredes como marcas de memória, por isso não as havia pintado, por isso mantinha os descascados como prova de vida. Acho que este é mais um texto que não compartilho com quem de direito, nem sei se alguma vez foi compreendido os sentidos, norte para o tapete da sala, oeste para a luminária do quarto, afinal posição solar boa é a do plexo, agora, assim, janela alguma ilumina adequado, por mais que aberta, mesmo escancarada. Portanto, é chegada hora, nenhuma tinta mudaria a matiz do que se passa, nem massa renova tantas perdas acumuladas.

Casa nova, é necessário, e silêncio, pois não há letra que acompanhe, nem música que acalme.

16.10.07

A atualização deste post se faz necessária, queridos.

Logo depois de realizar a mudança que descrevo abaixo, percebi que a caixa de comentários estava bloqueada de vez, que havia uma notificação aos donos de guestbook. Lendo, descobri que ele JÁ FOI descontinuado. Ainda tenho uns dias para cuidar de sua transferência para outro local.

Estou vendo isso, mãos à obra com a caixa de comentários nova!



Queridos,

Estive tendo problemas com o Guestbook alemão que uso há alguns anos. É uma pena, mas acho que eles estão chegando no limite de volume de trabalho que conseguem executar. O resultado é que vou habilitar os comentários do Blogger, já que nestes anos que se passaram eles aprenderam que comentário tem de ter moderador. :)

O Guestbook não vai ser desativado, de forma alguma. Existem mensagens lá que são verdadeiras obras de amor e arte, de muitas pessoas que amo e admiro. Se quiserem continuar comentando lá, fiquem à vontade. Se quiserem estrear os comentários novos, ótimo.

Para todos, o meu beijo.

12.10.07

Meu amigo Alfredo me passou a brincadeira, tenho de seguir adiante com ela, já que é tão simpática...

Minha frase é: "Era inverno, grande parte das árvores estava desfolhada."

Do livro de Ítalo Calvino "O Barão Rompante", que estava logo ao meu lado na casa de um amigo, que peguei assim que li o post de Fredo.

Amados, eis as regras:

1ª) Pegar um livro próximo (PRÓXIMO, não procure);

2ª) Abra-o na página 161;

3ª) Procurar a 5ª frase completa;

4ª) Postar essa frase em seu blog;

5ª) Não escolher a melhor frase nem o melhor livro;

6ª) Repassar para outros 5 blogs.

Os outros cinco blogs é que são elas, porque a brincadeira já veio de um dos que eu escolheria, né Fredo... bom, lá vai:

Blog 1: Caderninho para Kaká e Malú

Blog 2: Extratempo do Pi

Blog 3: Milton Ribeiro do MIlton

Blog 4: Templo de Atena da Helô

Blog 5: Umbigo do Sonho da Adelaide Amorim

Amados, sigam as regras e divirtam-se! Quem sabe no final não sai um texto bacaninha?

4.10.07

Enchendo as lacunas

O meu amigo Evandro Ferreira é uma pessoa especial que a Internet me deu de presente. Nos conhecemos numa lista de comentários de um blog, imediatamente iniciando uma bela argumentação a respeito das nossas opiniões divergentes. O fato de não ter virado briga - porque Evandro é o Lorde Fofinho, querido, um gentleman que não briga nunca - acabou por nos tornar amigos, e o motivo da discusão se perdeu no pó da estrada.

Outro dia eu atualizei meus links da coluna da direita do Asa, e redescobri a alegria de ler os textos do Evandro. Passei a assessar os blogs dele regularmente, no ritmo que minha atual vida alucinada me permite. Ontem, portanto, achei o post "Coisa mais linda do mundo", linkado no post logo aí embaixo. Como é uma declaração de amor com conteúdo, de verdade, me emocionou muito.

Deixei um comentário falando o quanto era bonito ver este amor, mas pedindo a ele que não me fizesse chorar. O querido me pediu desculpas, e tivemos uma MARAVILHOSA troca de e-mails ontem de noite, que tenho certeza aliviou meu trabalho noturno e o dele. O Evandro postou o e-mail dele no post Para uma borboleta e me senti na obrigação de preencher as lacunas, colocando meu e-mail anterior no Asa:

"Querido,

Uma cachoeira não se desculpa por espirrar água linda, ruidosa e abundantemente sobre os visitantes, uma rosa nem esquenta de espetar os dedos dos seus admiradores mais audaciosos. Você não precisa se desculpar por ser lindo, meu amigo.

Mas que eu chorei, chorei. Choro agridoce de beleza misturado com tristeza.

Comecei pensando que você é um afortunado de ter encontrado um amor assim, mas eu estava errada e eu mesma me corrigi: este amor lindo assim vem de dentro de você, já estava aí, a Henrie o merecia e então o encontrou, e veça-virse. Vocês dois são de uma lindeza que deixa a gente embargada...

Depois eu pensei em tudo e o tanto que já perdi na vida, no tanto que minha mão amiga já levou tapas pela internet, o tanto que eu procuro um homem que aceite meu amor, sem encontrar (me pergunto se eu mereço ter um amor assim...) e aí fiquei bem triste.

Foi então que eu lembrei que você e a Henrie e a Melinda fazem parte de minha vida, e isso me consolou.

Ainda estou com o coração apertado, mas não choro mais.

Amo muito você, acho que nunca disse isso com todas as letras, mas é verdade."

Pois é isso que é amor, que é amizade, queridos amigos do Asa, é sentir o outro como um presente, "a energia que faz nosso coração mais feliz" como meu amigo Evandro escreveu. É saber que a distância dói, mas doeria mais a ausência da pessoa amiga em nossas vidas. É aceitar o outro inteiro, mais que isto, sentir de verdade que o outro não poderia ser diferente do que é, que está certinho do jeito que está.

Por isso é que eu acho que tanto eu quanto ele, primeiro em separado e depois conversando juntos por e-mail, decidimos tornar estas mensagens públicas: porque queremos que as pessoas vejam e saibam que no meio desta tumultuada corrente de gente que passa e some sem deixar rastro, gente que usa e abusa, gente que não liga, encontramos um AMIGO.

É uma coisa muito preciosa.

3.10.07

Redescobrindo Evandro

Houve uma época em que nos falávamos sempre pelo telefone, às vezes horas. Nestas conversas consertamos o mundo e montamos o Outonos. Desde então, muita coisa na nossa vida mudou, mas o amor e a admiração que eu sinto por ele só fazem aumentar.

Eu nâo vou falar mais nada não, vão vocês e descubram porque estou aqui enxugando lágrimas e sorrindo e morrendo de vontade de dar um abraço nele.