5.5.07

O Rio em Maio



O poeta pode gostar de Paris no outono, por seu amor estar por lá, mas certamente ele ficaria um tanto balançado na escolha de que cidade louvar se conhecesse o Rio de Janeiro em maio. É certo que as muitas mudanças climáticas - que os ambientalistas dizem sinalizar o perigoso descontrole da natureza causado pelo homem - causam uma falta de definição nas estações da cidade (que muitos dizer ter apenas duas: verão e inferno, risos).

Entretanto, há dias ainda em que o Rio se arruma para seduzir o olhar, como moça bonita se arruma para festa. Banha-se com a chuva de fim de tarde, limpa seu céu durante a madrugada para receber a lua cheia e acorda vestida com o verde brilhante das folhas recém-lavadas, coberta por um céu de um azul-claro faiscante, quase branco, envolta por uma luz dourada, cercada de mar. É bonita a moça, muito bonita; nestas horas a cidade até consegue esconder os maus-tratos que os habitantes insensíveis lhe inflingem.

Andando pela cidade nestes dias, sinto o coração leve e o espírito querendo alçar vôo para acompanhar as aves que pescam nas lagoas ou no mar. Dá vontade de sair andando por aí, passear pelo Centro, perambular pela Cinelândia, dar um pulo no MAM e pegar um ônibus até Copacabana, percorrer o calçadão vagarosamente até o Leblon. Dá energia, esta luz dourada do outono carioca, dá alegria e dá esperança.

E eu nem preciso dizer que as borboletas invadem a cidade, preciso? Afinal, as borboletas entendem de beleza, e como alguém me disse há pouco tempo, contemplar a beleza é bom.

Muito bom.

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