O que é que se diz?
Ah, é duro quando uma pessoa que amamos parte antes de nós, quando parte cedo demais. Não há muitas palavras que consolem, pois neste caso só mesmo o tempo cura a ferida. Mas, para ti, poeta, quis deixar como um acalanto as palavras de outro poeta, que conviveu por muito tempo de perto com a indesejada das gentes.
Para Rogério Simões, Manuel Bandeira. Com um beijo meu.
OVALLE
Estavas bem mudado
Como se tivesses posto aquelas barbas brancas
Para entrar com maior decôro a Eternidade.
Nada de nós te interesava agora
Calavas sereno e grave
Como no fundo foste sempre
Sob as fantasias verbais enormes
Que faziam teus amigos rir e
Punham bondade no coração dos maus.
O padre orava:
- "O côro dos anjos te receba..."
Pensei comigo:
Cantando Estrela brilhante
Lá do alto mar!...
Levamos-te cansado ao teu último endereço
Vi com prazer
Que um dia afinal seremos vizinhos
Conversaremos longamente
De sepultura a sepultura
No silêncio das madrugadas
Quando o orvalho pingar sem ruído
E o luar for uma coisa só.
(Ah, Alex, para ti, amigo querido, saudades da sua butterfly...)
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