19.9.04


Oh, boy!




Bom, muita gente melhor que eu já falou bastante do livro, inclusive o próprio autor. Mas é necessário que eu faça algum tipo de homenagem a este talentoso amigo.

Fabio, lá vai: um conto de presente

FDR chega ao Paraíso

Finalmente, depois de uma longa vida de sucessos e de negar com veemência, durante toda ela, a existência de qualquer coisa remotamente parecida com Deus, Fabio Danesi morre. Ainda meio desorientado e sem consciência completa de sua situação, por estar dormindo ao falecer, Danesi chega aos Portais do Paraíso. Na entrada, um coro de anjos, São Pedro e Fred Astaire o aguardam.

- Benvindo, Filho! São Pedro sorri, bondosamente.
- Welcome, my boy! Fred Astaire sorri, alegre.
- Aleluia! Cantam os anjos.

Fabio observa aquilo por um instante. Coçando a cabeça, diz para si mesmo:

- Eu bem que pensei que não devia ter tomado tanto vinho hoje à noite, que sonho esquisito!

- Não, não, não é sonho my dear chap. Você morreu e está no Paraíso. Vamos entrar, Deus decretou feriado e tem uma festa à sua espera. Fred Astaire estende a mão num cumprimento.

- Deus? Estou ficando gagá, só pode ser. Deus não existe. Nossa, o que tinha naquele vinho!? Responde Danesi, apertando a mão do dançarino, mesmo achando tudo aquilo alucinação, pois ele é um cavalheiro.

- Ah, sim. Sobre este probleminha, senhor Rossi - retruca São Pedro. O Senhor Todo Poderoso não só existe, como é um grande fã seu. Ele o está aguardando, quer discutir alguns pontos de sua obra.

Fabio apenas levanta as sobrancelhas, incrédulo.

- Discutir MINHA obra com Deus? E que tal se eu quiser discutir com Deus a obra DELE? partindo, é claro, do princípio que o tal Ele exista.

- Bem, old fellow, este é um assunto meio espinhoso. Deus é um artista, ele não tem muita simpatia por críticos. Qual o autor que tem, não é verdade?

- Nenhum que eu conheça, Mr. Astaire. Nem mesmo eu, para falar a verdade.

- Fred, m'boy, e eu espero que me permita chamá-lo Fabio? Oh, claro, meu caro. O Senhor não que r criticar sua obra, apenas conversar sobre ela.

- Ora, porque não? Tudo neste sonho está tão estranho, não me espanta ter Fred Astaire me chamando de Fabio e Deus querendo conversar sobre minha obra. O escritor sorri seu sorriso doce de menino, que faz com que os anjos soltem arpejos de felicidade

- Caro Fabio, encare se quiser como um sonho. Depois de algumas semanas aqui, você vai começar a se acostumar com a idéia. Agora, shall we? As celebrações estão esperando apenas por você para começar. Astaire sorri de volta e indica os Portais do Paraíso, abertos e iluminados por uma luz intensa.

- Hummm... férias no paraíso, eh? Isso dava um conto interessante. Fred, por acaso tem com você papel e caneta?

São Pedro sorri, benevolente.
Fred Astaire sorri, divertido.
Aleluia! Cantam os anjos.

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