Buscando Conforto
A borboleta é o símbolo da ressurreição. Está sempre voando entre a Vida e a Morte, de cá para lá, de lá para cá, trazendo pó de espírito para iluminar as gotas de água do mar, levando a prata da lua para fazer os halos dos anjos.
Cá estou eu, buscando consolo da vida junto a meus mortos. Ah venham, venham depressa, eu preciso de vocês. Preciso da risada do meu pai, do cheiro de minha mãe. Preciso segurar nos braços meu irmãozinho Pedro Paulo, morto antes de eu nascer.
Preciso, preciso muito do bolo piquenique da Tia Elo, do pastel de carne da Tia Nel. Preciso do colo de minha avó, que me abençoava antes de eu dormir. Preciso do xic-xic-xic do terço de minha madrinha, que me acordava ainda de madrugada. Preciso da alegria de meu Tio Paulo, do abraço afetuoso do meu Avô Pedro.
Ah, onde estão vocês? Borboleta voa, voa depressa, traz todos, preciso senti-los junto de mim. Sobre mim, como um manto protegendo minha alma e meu coração cansados. Todos, não abro mão de nenhum, nenhum de meus queridos que já partiram, vem Alex, vem com eles, preciso também das suas covinhas aqui perto de mim.
Eu sinto vocês aqui, acima, em volta e dentro de mim, como um manto, como uma doce coberta... como um xale em torno dos meus ombros. Sim, um xale. Um xale diáfano, da cor do céu em madrugada de lua cheia, com o brilho suave de minúsculas lágrimas de saudade salpicadas sobre a névoa escura. Um xale, sim, tão apropriado...
Ahhhh... que bom. A Dama também está aqui.
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