13.6.03



Canção da mirada secreta - Lia Luft



Foram-se os amores que tive
ou me tiveram. Partiram
num cortejo silencioso e iluminado.
A solidão me ensina
a não acreditar na morte
nem demais na vida: cultivo
segredos num jardim
onde estamos eu, os sonhos idos,
os velhos amores e os seus recados,
e os olhos deles que ainda brilham
como pedras de cor entre as raízes

Se eu parasse para pensar em cada amor que já veio e já foi nesta minha vida, acho que chegaria à conclusão que cada um deles, do seu jeito, veio e me deixou um cristal. Um, o cristal lilás que representa a atividade mental, o aprendizado; outro, o cristal amarelo da energia; outro, o cristal branco da purificação. São realmente como pedras coloridas entre as raízes, pavimentando o caminho que percorro na vida.

Cada amor destes me sustenta de um jeito. O dia dos namorados serviu para que eu relembrasse cada um deles, com amorosa gratidão. Esse mosaico que vocês montam para mim é precioso. Amigos, amantes, parentes, pessoas que amei de longe, pessoas que amei bem de perto. Eu os amo de volta, e sempre amarei. Sigamos adiante.

O que será que a curva da estrada nos trará?

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