31.3.04



Silêncio



Amados, há momentos na vida da gente que até as circunstâncias externas nos obrigam a calar, em consenso com a necessidade interna de silêncio. É só silêncio mesmo, um calar profundo.

Não se preocupem, daqui a pouco estou de volta...

24.3.04


Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket




Que dizer?



Querido amigo, que poderia eu dizer? qualquer coisa seria pouco, qualquer coisa seria demais. Sinto sua dor e sua saudade.

Um beijo carinhoso...

23.3.04




Sonho



Mãe, você sabe o quanto é raro que você me visite em sonhos. Nestes dezoito anos que está longe, quatro ou cinco vezes eu tive a alegria deste encontro. Foi uma agradável e significativa surpresa que você viesse me visitar justo agora. Para meu espanto, estavam todos lá: seus amigos, meus “tios” e “tias” da infância, reunidos em algo que pareceria uma cerimônia de adeus, se ao menos não fosse tão alegre.

Pois cá estava eu, organizando tudo – e não é sempre essa minha função, mãe? – e nada da esperada doentinha chegar. Porque no sonho você vinha do hospital, mãezinha, e eu sabia que era apenas uma breve visita. Ainda assim, o clima de alegria e expectativa permanecia. Eis que chega papai, da mesma forma que chegava em minha memória de seus longos vôos – apenas sem macacão de vôo, usando roupas civis. Chega esbaforido, depois que todos estão devidamente instalados. Em pé junto a ele, observo você chegar.

Mami, você estava tão frágil naquela maca, e ao mesmo tempo tão radiante, como se seu fraco corpo físico fosse o alabastro que deixava transparecer a luz da sua alma. Era tão você na explosão mais gentil-alegre da sua personalidade... brincando alegremente com um enfermeiro que a acompanhava – que jocosamente recomendava juízo e a deixava a meus cuidados.

Ah, o beijo cheio de amor que vi você trocar em meu sonho com papai, que visivelmente segurava o choro. Aquele seu olhar amoroso-que-nos-derretia-por-dentro, na sua versão especial, reservada apenas para o homem de sua vida, que eu reconheci por ter surpreendido fugir de seus olhos algumas vezes durante minha infância. A saudade palpável entre vocês. Mãe, este encontro de vocês dois me encheu o coração de presságios.

No entanto, se isto significa que você está mais próxima dele ou ele mais próximo de você, não importa. Importa para mim agora que eu sei – com a certeza da alegria profunda que pairava por todo o sonho – que juntos vocês ficarão. No Amor e na Luz. Obrigada, Mami, por vir me prestar socorro neste momento. Obrigada por este consolo.

16.3.04


Um ano sem Você



Na madrugada do dia 15 para 16 de março de 2003 o nosso mundo ficou um pouquinho mais escuro. Alex, é difícil falar de você sem que o coração aperte. Lembrar de você é agridoce, bom e doloroso por muitos motivos, e não adianta falar deles. A dor vai sempre incomodar um pouquinho, até que eu possa estar junto de você na eternidade.

Basta que todos saibam que havia uma luz em Barcelona, que se apagou para nossos olhos faz um ano. Bem, para os olhos do corpo. Porque meu amigo Alex Cabedo vez ou outra faz-me uma visita em sonhos. E esta semana é a semana de lembrar dele, pois é seu primeiro aniversário de nascimento para a outra vida. UM ANO, meu amigo, um ano sem ti.

Alex marcou presença forte na minha vida, o que é extraordinário se eu pensar que sequer nos falamos ao telefone, não sei qual o som da sua voz, e só fui saber qual era seu rosto depois que ele não mais vivia neste mundo. E que importa? Sempre soube que gostaria dele, mesmo que tivesse três braços e puxasse de uma perna. A elegância e charme que ele tinha em seu trato com os amigos; a solidariedade humana, a capacidade de se indignar; o humor e ironia fina (e às vezes a truculência necessária) que tinha com os auto-intitulados inimigos; tudo, tudo que conheci do Alex era especial.

Ele em uma ocasião – num dos comentários do Carneiro Preto, blog que ele generosamente criou para aliviar os amigos de ataques de gente grosseira – disse que eu era uma das poucas pessoas que ele levaria para uma ilha deserta. Querido, cá estamos nós, sozinhos nesta ilha deserta do meu coração. E sua companhia aqui dentro muitas vezes foi consolo para a falta que você me faz aqui fora.

Portanto, doce Carneiro, ofereço-te como presente de aniversário a flor mística das minhas orações, que bem sabes nada têm a ver com aquela gritaria absurda contra qual erguemos nossa voz, juntos. E agradeço, emocionada, todas as pequenas e grandes delicadezas que me fizeste em vida, e os três grandes presentes que me deixaste com tua morte: Cristina, Paula e Carolina. Vamos ainda, as quatro, para seu desespero (hehehe) nos abraçar num lindo dia em Lisboa, e ao segurar tua filha com certeza vou chorar, pois finalmente vou dar em um pedaço de ti o abraço que eu sempre quis e não pude. Neste dia, brindaremos com vinho e lágrimas e muitos, muitos sorrisos.

É para Cristina, querido, que peço a amigos que traduzam estas palavras para a língua espanhola, para que ela saiba com total clareza que eu também te amo. Logo estará online.

Feliz aniversário, Alex amado, da sua Butterfly.



Un Año sin Ti



Muy temprano del dia 16 de marzo de 2004 nuestro mundo se quedo un poco mas obscuro. Alex, es difícil hablar de ti sin que mi corazón se quede cerrado. Acordarme de ti es amargo y dulce, bueno y penoso por muchas razones, y cambia nada hablar de ellos. El dolor siempre incomodará un poquito, hasta que pueda estar cerca de ti en la eternidad.

Basta que todos sepan que havia luz en Barcelona que se apagó para nuestros ojos hace un año. Bueno para los ojos del cuerpo. Porque mi amigo Alex Cabedo a veces me visita en mis sueños. Esta semana es la semana de recordar nos de él, es el cumpleaños de un año del nacimiento para otra vida. UN AÑO, mi amigo un año sin ti.

Alex hizo una presencia fuerte en mi vida, lo extraordinario es si paro para pensar que nunca nos hablamos ni al teléfono, no sé cuál es el timbre de su voz, y solo pude saber como era su rostro una vez que no vivía mas en este mundo. Y que importa? Siempre supe que me gustaría, ni que tuviese 3 brazos o que le faltase una pierna. La elegancia que él tenía en el trato con sus amigos; la solidariedad humana, la capacidad de sé indignar, el humor y la fina ironía (a veces de una truculencia necesaria) que tenía con sus auto-intitulados enemigos, todo, todo lo que conocí de Alex era especial.

En una ocasión él – en uno de los comentarios del Carneiro Preto, blog que el generosamente creó para aliviar los amigos de los ataques de la gente grosera – dice que yo era una de las pocas personas que él llevaría a una isla desierta. Querido, acá estamos nosotros, solos, en esta isla desierta que es mi corazón. Y tu compañía aquí dentro muchas veces, fue un consuelo para la falta que me haces aquí afuera.

Por tanto, dulce Carnero, yo te ofrezco, como regalo de cumpleaños, la mística flor de las oraciones, que bien conoces nada tiene que ver con la gritaría absurda contra cual levantamos nuestras voces, juntos. Y te agradezco, emocionada, todas las pequeñas y grandes delicadezas que me hiciste en vida y los tres grandes regalos que me dejaste con tu muerte: Cristina, Paula e Carolina. Veámonos, para tu desespero, abrazar las cuatro algún lindo día en Lisboa y cuando, teniendo a tu hija, es seguro que voy a llorar, pues finalmente voy a tomar un pedacito de ti que siempre quise y no pude. En este día, brindaremos con vino y lágrimas y muchas, muchas risas.

Es para Cristina, mi querido, que pido a amigos que traduzcan estas palabras para la lengua Española, para que ella sepa con total clareza que yo también te amo. Feliz aniversario amado Alex de tu Butterfly.

12.3.04







Luto



Estou de luto por Madrid.

Estou de luto pela Humanidade.

Chega de terrorismo!!



Me pongo de luto por Madrid.

Me pongo de luto por la Humanidad.

Basta de terrorismo!!







Acabou?



Um dia eu conheci um blog. Eu nunca imaginei que pudesse existir um lugar assim. Um lugar onde pétalas de rosas caíam do teto de velhas casas; onde um hipnotizador nos levava para praias lindíssimas para catar conchas da mais bela madrepérola, em nossas mentes; onde uma virilha causava uma revolução na vida de um homem; onde um lindo anãozinho tinha um lindo e feliz caso de amor.

Ontem o Blogger Brasil destruiu o lugar de sonho. Destruiu? Não para mim. Eu tenho comigo o Caderno Mágico em forma de livro, graças a Deus e ao talento de seu autor. E tenho no meu coração lembranças lindas, tristes, doídas, alegres, iradas, lembranças que vão ficar gravadas no meu coração para sempre.

Eu tenho cá com meus botões conversado, e espero que o Magic Boy encontre uma forma de fazer sua cartola voltar a funcionar da maneira que me encantou e me fez amar o lugar onde ficava uma fonte de água pura... e meu amigo.

Beijos, Dennis. O Caderno morreu, longa vida ao Caderno!

O Sonho
(Pedro Ayres Magalhães)


Quem contar
Um sonho que sonhou
Não conta tudo o que encontrou
Contar um sonho é proibido

Eu sonhei
Um sonho com amor
Uma janela e uma flor
Uma fonte de água e o meu amigo

E não havia mais nada...
Só nós, a luz e mais nada...
Ali morou o amor

Amor
Amor que trago em segredo
Num sonho que não vou contar
E cada dia é mais sentido
Amor
Eu tenho um amor bem escondido
Num sonho que não sei contar
E guardarei sempre comigo.





7.3.04





Moonlit Mountain por Garé Barks (detalhe)


Meditações



O coração bate no acorde, ainda um pouco acelerado, e vagarosamente aquieta no peito. Um cristal que retine em meio ao silêncio. Silêncio ainda dissonante... O silêncio é uma expectativa e o silêncio leva à melodia....

sol ré si mi ... fá fá dó sol

A sombra fria da pedra apoia e envolve a alma, o coração desacelera suavemente, entrando no ritmo da melodia...

sol ré si mi ... fá fá dó sol

As notas são sinos, sinos que chamam para a oração... leve, leve, calmamente....

sol ré si mi ... fá fá dó sol

Gotas de água caem em uma bacia de pedra, gota a gota ecoando o som dos sinos... pequenos sininhos d’água que chamam a atenção dos sentidos para os sinos que chamam para a oração... calma, calma, docemente....

A alma sobe, sobe, sobe.... uma escada com degraus feitos de luz. A ascensão é rápida e fácil, mas há momentos que a humanidade pesa. Lentamente, a luz dos degraus penetra a alma e a humanidade flui de encontro à divindade... e a subida agora é em vôo livre.

O bater suave das asas da alma, as correntes de ar descendentes e ascendentes, tudo é aprendizado, beleza, quietude. Ao longe e acima, ainda um pouco distantes, o pouso e o repouso que se busca. Ainda é preciso bater as asas, sentir o vento, seguir adiante. Um grande silêncio toma lentamente conta de todo o interior da alma. Asas e vento. Vento e luz.

A alma pousa no topo da montanha de pedra fria, e por um momento observa o trajeto que percorreu. Pequenas pedras escorregam do topo da montanha, tirando do ar lascas de cristal que ressoam no vento. A alma queda tranqüila a escutar os sons do elevado local. Água escorre de uma nascente, pequenas gotas sonoras... a alma se resfria e acalma ainda mais com estes respingos. A alma se banha nas gotas de luz e no som do cristal.

Dentro de si, a alma sente que também é feita de luz, líquido e sons cristalinos, e estes sons fazem sua própria melodia de louvor e integração ao divino. Luz líquida, luz cristalina, sons de água e de vento, reflexos, iridescências, silêncio, tilintares.

Paz.

(Respeitosa e agradecidamente, para Alfredo Votta)

5.3.04







A Orgulhosa



Vi a ti e a tuas irmãs naquela manhã no mercado. Algumas delas estavam floridas já, mas tu ostentavas a elegância nua dos ikebanas. Olhei para ti e vi um equilíbrio, uma beleza já presente, e não resisti. Levei-te para a casa das janelas de luz.

Pensei em ti cercada de admiradoras no jardim da casa onde mora o gato preto. Seria impossível levar-te comigo para casa, a viagem seria demais para ti, e acho que também o calor e o forte sol da tarde que flagela meu apartamento. Queria que florisses bela como já te previa, e que florisse num lugar onde fosses honrada.




Bem, mas tu quisestes me brindar com tua beleza imediatamente. Seus botões verdes começaram a se desdobrar em veias vermelhas sobre uma cama amarela, como se a própria aurora desabrochasse na minha frente. Como podia não amar-te?

Altiva, altaneira, airosa Amarílis.