4.10.07

Enchendo as lacunas

O meu amigo Evandro Ferreira é uma pessoa especial que a Internet me deu de presente. Nos conhecemos numa lista de comentários de um blog, imediatamente iniciando uma bela argumentação a respeito das nossas opiniões divergentes. O fato de não ter virado briga - porque Evandro é o Lorde Fofinho, querido, um gentleman que não briga nunca - acabou por nos tornar amigos, e o motivo da discusão se perdeu no pó da estrada.

Outro dia eu atualizei meus links da coluna da direita do Asa, e redescobri a alegria de ler os textos do Evandro. Passei a assessar os blogs dele regularmente, no ritmo que minha atual vida alucinada me permite. Ontem, portanto, achei o post "Coisa mais linda do mundo", linkado no post logo aí embaixo. Como é uma declaração de amor com conteúdo, de verdade, me emocionou muito.

Deixei um comentário falando o quanto era bonito ver este amor, mas pedindo a ele que não me fizesse chorar. O querido me pediu desculpas, e tivemos uma MARAVILHOSA troca de e-mails ontem de noite, que tenho certeza aliviou meu trabalho noturno e o dele. O Evandro postou o e-mail dele no post Para uma borboleta e me senti na obrigação de preencher as lacunas, colocando meu e-mail anterior no Asa:

"Querido,

Uma cachoeira não se desculpa por espirrar água linda, ruidosa e abundantemente sobre os visitantes, uma rosa nem esquenta de espetar os dedos dos seus admiradores mais audaciosos. Você não precisa se desculpar por ser lindo, meu amigo.

Mas que eu chorei, chorei. Choro agridoce de beleza misturado com tristeza.

Comecei pensando que você é um afortunado de ter encontrado um amor assim, mas eu estava errada e eu mesma me corrigi: este amor lindo assim vem de dentro de você, já estava aí, a Henrie o merecia e então o encontrou, e veça-virse. Vocês dois são de uma lindeza que deixa a gente embargada...

Depois eu pensei em tudo e o tanto que já perdi na vida, no tanto que minha mão amiga já levou tapas pela internet, o tanto que eu procuro um homem que aceite meu amor, sem encontrar (me pergunto se eu mereço ter um amor assim...) e aí fiquei bem triste.

Foi então que eu lembrei que você e a Henrie e a Melinda fazem parte de minha vida, e isso me consolou.

Ainda estou com o coração apertado, mas não choro mais.

Amo muito você, acho que nunca disse isso com todas as letras, mas é verdade."

Pois é isso que é amor, que é amizade, queridos amigos do Asa, é sentir o outro como um presente, "a energia que faz nosso coração mais feliz" como meu amigo Evandro escreveu. É saber que a distância dói, mas doeria mais a ausência da pessoa amiga em nossas vidas. É aceitar o outro inteiro, mais que isto, sentir de verdade que o outro não poderia ser diferente do que é, que está certinho do jeito que está.

Por isso é que eu acho que tanto eu quanto ele, primeiro em separado e depois conversando juntos por e-mail, decidimos tornar estas mensagens públicas: porque queremos que as pessoas vejam e saibam que no meio desta tumultuada corrente de gente que passa e some sem deixar rastro, gente que usa e abusa, gente que não liga, encontramos um AMIGO.

É uma coisa muito preciosa.

3 comentários:

francisco de almeida disse...

falar pouco e dizer tudo, o advento do chip permite isto, mas o coração jamais, é a maior memória q existe , no entanto poucos usam seus megabites e quando uasam para desamar, nesta cidade tem muito concreto e pouca gente, gente mesmo, com seus defeitos,sonhos, realidades; fico pensando , onde encontrarei gente no mundo, já perguntei para o Fernando , êle não sabe e se soubesse oq saberia? sei lá , nunca me respondeu,também não gostaria de receber dêle,mas sim de vc, ou de vcs.Onde existe gente no mundo?

francisco de almeida disse...

sintese, reduzir a bites inteligiveis e frios, pergunto, quem possui capacidade de sintetizar o amor maternal? se vc souber, exemplifique, mas sem perder a ternura, fale com apenas uma palavra o q é o amor, sintetize,reduza,miniminize,porém passe a idéia de quanto imenso pode ser o amor que nunca existiu.

Sue disse...

Francisco,oi.

No Rio de Janeiro, onde moro, é raro mesmo encontrar gente. Outro dia, entretanto, encontrei um engraxate que era gente, gente educada e gentil ainda por cima.

É como as pedras da cidade, que mesmo aparentemente áridas sempre nos cedem pelo menos uma bromélia. É o caso de saber procurar.

A pergunta que não quer calar: QUEM é Fernando?

Beijos, obrigada por comentar.