19.11.03





Solitude...



Muitas vezes descubro que o que outra pessoa escreveu é mais capaz de descrever o que eu estou sentindo do que eu mesma poderia. Não tenho problema nenhum em reconhecer que há pessoas mais capazes que eu. Isto significa que há muito ainda a aprender e crescer. Nestes últimos dias, tenho aprendido muitas coisas novas, algumas dolorosas, outras muito, muito boas.

Uma destas coisas muito, muito boas é que possuo amigos maravilhosos e um destes amigos me deu de presente este texto de Geraldo Eustáquio. Não podia caber melhor na situação em que me encontro e na minha proposta de vida. Agradeço ao autor e à querida amiga Atena que me presentearam com beleza e tranquilidade. E lembro sempre que um amigo querido diz que a Caridade primeira é para si.


Amar o que eu sou
todo indivisível que constitui o ser
e o acontecer no meu corpo
no espaço e no tempo.


Amar as coisas que eu faço
e o modo como eu as faço.


Amar minhas limitações
como amo minhas possibilidades
e nos meus acertos e erros
amar o meu projeto
que vai se transformando em obra
no trabalho da construção de mim mesmo.


Amar-me como eu estou aqui e agora
vivendo a vida simplesmente
naturalmente
com o ar que eu respiro
o chão que eu piso
as estrelas que sonho.


Às vezes gostar de mim é um desafio
uma prova de fogo
que revela se eu realmente me amo
ou apenas finjo amar-me.


Gostar de mim na perda
quando a vida me fecha uma porta
sem nenhum aviso ou explicação.


Gostar de mim quando me comparo com os outros
quando me avalio pelos padrões estabelecidos
se sucesso, beleza, inteligência, poder,
deixando de amar o que eu sou
em nome daquilo que me falta
ou daquilo que me sobra
em relação ao meu semelhante.


Gostar de mim quando erro
quando fracasso
quando não dou conta
quando não faço bem feito
e ainda encontro quem me critique
ou zombe de mim por eu ter sido
apenas o que eu sou:
limitado, vulnerável, imperfeito, humano.


Gostar de mim no fundo do poço,
cabeça a mil,
coração a zero,
e ainda assim
ser capaz de ouvir e respeitar
as referências de meu próprio corpo
como um amigo fiel, atento e carinhoso.


Estar comigo e me fazer companhia
quando mais ninguém parece estar disposto
a me acolher e me aceitar.


Estar do meu lado
ainda que todos permaneçam contra mim...


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